Duas maos segurando fibra de celulose

Celulose: saiba o que é e conheça suas principais aplicações

A celulose é um carboidrato presente nas árvores cujo processamento é feito, principalmente, para produzir papéis e fibras de tecidos.

Contudo, pode também sofrer modificações químicas para a fabricação de plásticos. 

Em outras palavras, as partículas de açúcar que compõem a celulose estão presentes em cerca de 33% de toda a matéria vegetal do planeta, em 90% do algodão e em 50% da madeira.

Além disso, essa matéria-prima se encontra em muitos produtos do nosso cotidiano, como variados tipos de papel, fraldas descartáveis e alguns tipos de tecidos.

Também é possível encontrá-la em itens para higiene pessoal, de papel higiênico a absorventes.

Já na indústria, a celulose é utilizada na fabricação de enchimento de comprimidos, emulsionantes, espessantes e estabilizantes de alimentos industrializados, bem como em adesivos, biocombustíveis e materiais de construção.

Nesse sentido, é inegável que a produção de celulose e de papel tem uma grande importância para a economia brasileira, o que se deve à sua grande influência e ao seu impacto sobre as demais cadeias de produção.

Esse setor se destaca, ainda, por suas fábricas sempre bem modernizadas, pela constante qualificação de seus profissionais e pela realização de um trabalho que respeita os critérios de sustentabilidade.

A indústria da celulose, em suma, se caracteriza pela produção e extração da madeira, assim como pela fabricação dessa matéria-prima e do papel.  

Entre tantas aplicações possíveis da celulose, a produção de papel ainda é a maior e mais conhecida.

Atualmente, 100% da produção de celulose no Brasil vem de áreas de reflorestamento, sendo 65% de eucalipto e 31% de pinus e outras fontes, entre elas, reciclados.

Vale dizer que nem só da produção de papel vive a celulose, já que suas aplicações são extensas e bem variadas, podendo ser utilizada para produzir os mais variados tipos de itens.

Portanto, para entender o uso da celulose, é preciso um olhar mais amplo e diverso.

Continue a leitura e aprenda mais sobre o assunto!

A celulose na história

De acordo com a história, a celulose foi uma criação do chinês T’sai Lun, em 105 d.C.

No entanto, as pessoas da época não sabiam do que se tratava, embora ela já fosse usada na fabricação de papel.

O processo de extração era bem caseiro. As pessoas faziam uma mistura de cânhamo, cascas de amoreira, pedaços de roupas e fibras vegetais.

Essa mistura era triturada e umedecida até que se formasse uma pasta. Depois, a peneiravam e a espalhavam em superfície reta.

Como resultado, após a secagem, uma camada fina no formato de uma folha de papel aparecia.

Atualmente, há uma variedade de estudos sobre a extração inteligente da celulose e de como fazê-la de forma rápida nos mais variados organismos vegetais.

Além disso, existem pesquisas sendo desenvolvidas sobre o reaproveitamento de resíduos sólidos na cadeia agrícola.

Tudo isso, sempre com foco na sustentabilidade e na eficiência para uma produção mais consciente de sua responsabilidade quanto a impactos sociais.

 

Como funciona o mercado da celulose?

O Brasil ocupa o segundo lugar entre os países que mais produzem celulose no mundo e é o primeiro na produção da celulose de fibra curta.

Além disso, o país vem se destacando cada vez mais na indústria do papel, aparecendo entre os 10 maiores produtores no ranking internacional.

As fibras de celulose extraídas das árvores em solo brasileiro também são usadas na indústria têxtil, juntamente com o algodão, o linho e outras fibras naturais.

Na produção de tecidos, ela é utilizada em diversas peças de vestuário e para a casa, bem como para produzir o rayon, uma espécie de seda artificial.

A celulose microcristalina e a em pó, por exemplo, são usadas como ingredientes multifuncionais em medicamentos e alimentos, devido ao seu caráter estimulante e estabilizador na viscosidade e textura destes.

Do mesmo modo, a celulose pode ser empregada como material de construção e isolador elétrico, presente em materiais domésticos como filtros de café, esponjas, colas, laxantes e fitas adesivas.

Ela também está associada à tradicional biomassa para produção de biocombustível.

Quais tipos de celulose são produzidos Brasil?

No Brasil, se produzem e fornecem três diferentes tipos de celulose, cujas particularidades serão explicadas adiante: a de fibra curta – extraída do eucalipto –, a de fibra longa – extraída do pinus – e a fluff.

Os três tipos são produzidos em uma única unidade industrial projetada para sua extração. Contribui-se, assim, para a geração de múltiplas soluções que fazem parte do nosso dia a dia, por exemplo:

Celulose de fibra longa

A sua principal função é proporcionar maior resistência ao produto. Originária de espécies coníferas como o pinus, seu comprimento varia entre 2 e 5 milímetros.

Aqui no Brasil, seu uso é destinado à fabricação de papéis que precisam de maior resistência, como:

  • embalagens;
  • papel-cartão;
  • papel-jornal;
  • papel higiênico;
  • filtros;
  • guardanapos;
  • chapas onduladas (mais conhecidas como fibrocimento).

Celulose de fibra curta

A celulose de fibra curta tem como principal característica a alta maciez e absorção, devido à sua menor resistência.

Com tamanho que varia entre 0,5 e 2 milímetros, ela é extraída principalmente de eucaliptos.

Esse tipo de matéria-prima é ideal para a fabricação de papel de impressão, para escrever e aquele usado em higiene pessoal, como:

  • papel higiênico;
  • toalhas de papel;
  • guardanapos;
  • seda artificial.

As fibras do eucalipto também compõem papéis especiais e de embrulho.

Celulose fluff

O Brasil começou a produzir esse tipo de celulose – extraído da fibra longa de pinus – há apenas cinco anos. Antes, essa matéria-prima vinha, principalmente, de importação.

Entretanto, devido à sua firmeza e à velocidade de absorção de líquidos, o seu uso se tornou muito importante para a fabricação de absorvente feminino, produtos para conter a incontinência e fraldas infantis e adultas.

Também é usada em itens de higiene pessoal e cuidado com a pele, protetores solares e lenços umedecidos.

Qual é a importância da celulose para o agronegócio?

A celulose teve desempenho recorde no mercado externo, e o Brasil foi destaque no comércio mundial como o maior exportador do insumo.

As exportações continuaram impulsionando o crescimento do setor, com vendas de US$ 12,5 bilhões e aumento de 24,1% em comparação ao ano de 2017.

As plantações de árvores brasileiras são consideradas as mais produtivas do mundo.

Só em 2018, o Brasil apresentou uma produtividade média de
36,0 m³/ha.ano em áreas para o plantio de eucalipto e 30,1 m³/ha.ano para o cultivo de pinus.

Essas mudanças são importantes para o fortalecimento do setor, e a posição do Brasil no mercado global de florestas plantadas para fins industriais também favorece o cenário.

Movimentando a balança comercial

De acordo com dados da Ibá, em 2018, o setor de árvores plantadas no Brasil atingiu uma receita de US$ 12,5 bilhões, ou seja, um aumento de 24,1% nas exportações em comparação com o ano anterior.

O resultado positivo se deve ao aumento nas exportações de produtos florestais, em geral, juntamente com a celulose e a madeira serrada. 

A balança comercial terminou o ano com saldo positivo em tempo recorde, com cerca de U$ 11,4 bilhões. Ademais, ampliou-se, ao longo dos últimos anos, a média de 12,3%, desde 2012.

Considerando todos os produtos brasileiros de origem florestal, o Brasil é responsável pela exportação de 55% do total das vendas para a China e a Europa. 

Logo depois, em 2019, o país se manteve na posição de segundo maior produtor mundial, com a fabricação de 19,7 milhões de toneladas.

A qualidade e a extração sustentável da celulose pelo segmento nacional foram os grandes responsáveis pela manutenção da posição mundial, firmando o Brasil como um dos mercados mais promissores e desejados do setor no mundo.

Basicamente, 75% da produção nacional foi destinada para a exportação; isso equivale a 14,7 milhões de toneladas de produtos.

Ao mesmo tempo, o mercado de uso doméstico contribui aumentando o consumo para 5,2 milhões.

Houve uma negociação de 9 milhões de toneladas, o equivalente a 79% das vendas de papel, das quais 8,4 milhões foram produzidas pela indústria.

Sustentabilidade e cadeia produtiva

A produção de celulose e papel tem abrangência nacional, despontando em todo o território brasileiro. Entretanto, está mais concentrada nas regiões Sul (82,7%) e Sudeste (67,8%).

No segmento de papel, os estados que mais se destacam são Paraná, São Paulo e Santa Catarina.

Já quanto ao segmento de celulose, se destacam Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Apesar da pandemia, a produção de celulose no Brasil continuou a crescer em 2020, devido a um rápido posicionamento estratégico e organização para atender à nova demanda familiar.

Nesse sentido, o país novamente se manteve em segundo lugar no ranking mundial, fabricando 21,0 milhões de toneladas de produtos para uso doméstico.

Muito se deve à qualidade e à origem sustentável dos produtos, o que é visto com bons olhos pelo setor, ajudando, assim, a solidificar a imagem brasileira no mercado mundial.

 

Na esteira da inovação: a nova moeda

Nesse meio tempo, a preocupação acerca do aumento da produtividade das florestas se tornou recorrente.

A redução de custos de produção e a extensão das terras destinadas ao plantio sustentável supriram as necessidades das fábricas de celulose. 

Em outras palavras, o investimento em novas tecnologias e o uso destas deveriam se tornar prioridade para o futuro do segmento florestal e de parte da indústria.

Para isso, deveriam ser propostos o aprimoramento e o melhoramento dos produtos oriundos da celulose, combinando a biotecnologia em três vertentes:

  • melhoramento genético das plantas;
  • mapeamento e manipulação de genomas (engenharia genética);
  • desenvolvimento de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Entretanto, a maior promessa para o futuro do segmento industrial vem da aplicação das chamadas biorrefinarias agregadas à extração de celulose.

A combinação entre nanotecnologia e recursos renováveis pode ser feita tanto por plantios florestais quanto por resíduos sólidos agroindustriais.

Isso porque boa parte da matéria-prima utilizada nessas biorrefinarias seria reaproveitada de resíduos (a biomassa), reduzindo, assim, os custos.

No entanto, por se tratar de um processo ainda em desenvolvimento, há a necessidade de consolidar os processos mais eficientes e baratear os custos de investimento, dinâmica que exerce influência direta sobre as demais cadeias de produção.

Definitivamente, não restam dúvidas quanto à importância da produção de celulose.

Entre os fatores positivos para a economia e o meio ambiente, mencionam-se geração de empregos oriunda da produção de papel e fibras de tecidos e o desenvolvimento sustentável.