Como o preço do frete impacta os custos agrícolas

O transporte e a logística fazem parte do agronegócio. As distribuidoras de insumos recebem as mercadorias por meio de transportadoras terrestres e marítimas. Os fertilizantes importados são transportados por navios até o Brasil e depois seguem de caminhão para o destino final. Esse deslocamento tem custo e afeta os negócios das empresas de insumos espalhadas pelos estados brasileiros.

A logística interna sempre foi um gargalo para escoar a produção; agora, junto com o preço do frete, passou a impactar ainda mais, de forma a aumentar os custos. A alta do preço do petróleo afetou a cadeia do agronegócio de maneira geral. 

Segundo a 7ª edição do Relatório de Transportes Rodoviário de Cargas da Fretebras, houve uma alta de 35,2% no volume de fretes para o agronegócio, nos primeiros três meses deste ano com relação ao ano passado. De acordo com o estudo, os fretes realizados para os transportes da produção agrícola representam 37,4% do movimento do primeiro trimestre de 2022, o que movimentou R$ 6,7 bilhões. Os três principais produtos transportados foram fertilizantes (23,4%), soja (13,2%) e milho (12,7%).

Note-se que os fertilizantes, na sua maioria, são importados e chegam aos portos do Brasil para depois serem entregues a distribuidoras de insumos. Conforme a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), de janeiro a maio deste ano, o movimento portuário foi de 477,8 milhões de toneladas, e o transporte de adubos responde por 94,5% das mercadorias trazidas pelo mar.

Os fretes de fertilizantes aumentaram 6,4%, como apontou o estudo do setor; toda essa carga precisa chegar ao seu destino – as lavouras –, mas antes é levada até os distribuidores de insumos, que realizam as vendas e as entregas nas propriedades. Assim, o valor do frete vai se acumulando. No último levantamento feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), a alta acumulada do óleo diesel nos últimos 12 meses chegou a 52,27%; no mesmo período a inflação ficou em torno de 11,73%. Os fretes não foram reajustados na mesma proporção que o preço do diesel, o que trouxe um desequilíbrio para o setor. De maio de 2021 a maio deste ano, o valor médio para o frete do agronegócio teve um reajuste de 3,92%, de acordo com o índice da plataforma de fretes.

Como afirmam os especialistas, o preço do barril de petróleo, a inflação alta e o crescimento mais lento das economias mundiais vão continuar a influenciar também o preço dos fretes nacionais. Assim, o planejamento e a antecipação de compras passam a ser uma forma de o distribuidor focar suas ações no segundo semestre e tentar diminuir os impactos nas suas negociações.