Com uma guerra que não tem previsão para terminar, o setor de fertilizantes vive momentos de angústia e apreensão. São mais de 70 dias de conflito entre Rússia e Ucrânia. A destruição causada pelos ataques gerou uma onda de insegurança para os países que importam fertilizantes produzidos pela Rússia.
É de fato uma situação delicada, ainda mais para países como o Brasil, que dependem da importação. Por aqui, 80% dos fertilizantes usados nas lavouras são comprados no exterior. Os contratos feitos em 2021 estão sendo cumpridos, mas, de acordo com analistas de mercado, os prazos para entrega têm sido maiores, com volumes menores e essas cargas já teriam saído dos portos antes do início da guerra. A preocupação é com o que vem pela frente.
Antes da guerra, a logística estava enfrentando dificuldades e tinha gargalos nos principais portos do mundo, por conta da pandemia. Com o avanço das disputas no leste da Europa, esse problema só aumentou.
Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), afirmou que os insumos já se encontravam caros no ano passado, em função dos problemas ocasionados pela pandemia de Covid-19, e foram agravados com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Produtos como o Cloreto de Potássio (KCL) apresentam alta de mais de 250% neste momento, o que eleva significativamente os custos de produção dos agricultores. O diretor explicou ainda que os fertilizantes representam em torno de 20 a 40% dos custos de produção de uma lavoura de milho ou soja.
As colocações refletem bem as demandas e os desafios enfrentados no atual momento pelo setor no Brasil e foram apresentadas durante evento on-line promovido pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), que discutiu o mercado nacional de fertilizantes.
Para tentar contornar as dificuldades em comprar fertilizantes da Rússia, a cooperação internacional pode ser um caminho no médio prazo. No final de abril, o governo americano anunciou que vai enviar ao Brasil uma equipe para tratar da escassez dos insumos. Enquanto não se tem uma solução, as distribuidoras precisam garantir que terão adubos quando o agricultor precisar. E a alternativa é antecipar as compras! Mesmo com um custo mais elevado, ter o produto para aplicar nas culturas sem comprometer a produção na lavoura é fundamental para garantir a produtividade.