A mosca-branca é considerada uma das pragas mais importantes para a agricultura, sendo disseminada em todo o mundo.
Especialistas acreditam que a mosca-branca tenha surgido no Oriente Médio, de onde se expandiu por meio do comércio de plantas ornamentais.
No Brasil, a população do inseto encontrou condições favoráveis para propagar-se amplamente, facilitando a transferência de vírus nativos para a lavoura.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) classificou a Bemisia tabaci como uma das pragas de maior risco fitossanitário para o país.
Trata-se de um inseto polífago que se alimenta de mais de 600 espécies de plantas, comprometendo cultivos de importância econômica estratégica para o Brasil.
Entenda mais sobre esse inseto e conheça métodos para a realização de seu controle sob a ótica do manejo integrado de pragas. Boa leitura!
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ToggleO que é a mosca-branca?
As moscas-brancas são insetos de pequena dimensão, caracterizadas pela cor amarelo-pálido e suas asas são recobertas por uma substância com pulverulência branca.
O inseto pertence à ordem Hemiptera e à família Aleyrodidae, tendo como gênero principal o Bemisia. A espécie mais difundida pelo mundo é a Bemisia tabaci.
A classificação dessa espécie é considerada complexa devido a fatores como diversidade genética e similaridade entre exemplares.
No Brasil, temos a incidência dos biótipos A e B, tendo sido observada também a presença do biótipo Q. Considera-se que o biótipo B é o de maior predominância no Brasil.
Trata-se de um inseto sugador que pode infestar diversas culturas que possuem interesse econômico, como feijão, algodão, soja, hortaliças, tomate, plantas ornamentais, etc.
O inseto também pode atacar plantas daninhas, o que contribui para que sua expansão seja ainda mais significativa.
O dano causado por essa praga pode chegar a comprometer até 100% da produção agrícola.
Como a mosca-branca ataca a planta?
A mosca-branca ataca a planta de três formas: ao alimentar-se do vegetal (dano direto), por ser transmissora de vírus ou por causar o desenvolvimento de um fungo (danos indiretos).
No dano direto, a mosca-branca suga a seiva do vegetal e injeta toxinas que prejudicam seu desenvolvimento sadio.
Podem ser observados fenômenos como a isoporização da polpa (perda de textura), a amarelização das folhas e um processo de maturação desigual dos frutos.
No dano indireto, a mosca-branca produz uma substância conhecida como honeydew, que é altamente açucarada.
O excesso dessa substância cria o elemento propício para o desenvolvimento da fumagina, doença causada pelo desenvolvimento de um fungo de coloração escura.
A fumagina prejudica diretamente a capacidade da planta de fazer a fotossíntese, processo vital para sua sobrevivência e seu crescimento.
O dano indireto mais relevante causado pela mosca-branca é a transmissão de vírus que causam doenças no vegetal.
A mosca-branca é vetor de mais de uma centena de vírus, dentre os quais destacamos:
- o vírus do mosaico-dourado do tomateiro;
- o vírus do mosaico-dourado do feijoeiro;
- o vírus do mosaico-comum do algodoeiro;
- o vírus do mosaico-anão em soja;
- o vírus do mosaico-crespo em soja.
Como realizar o controle da mosca-branca?
A utilização excessiva de inseticidas como método exclusivo para o combate de pragas nas lavouras trouxe consequências indesejadas ao longo dos anos.
Como alternativa, foi elaborado o conceito de manejo integrado de pragas (MIP), que consiste na utilização de diferentes métodos de controle que mantêm a população de insetos em um nível equilibrado.
No MIP, é necessário fazer uma avaliação do agroecossistema, analisando em que estágio de desenvolvimento as plantas se encontram e a que condições climáticas estão expostas.
Também é preciso realizar o monitoramento periódico da lavoura para determinar qual é o nível populacional dos insetos que atuam como pragas no sistema.
O objetivo é manter a população de insetos em um nível de equilíbrio.
Quando esse nível é ultrapassado, considera-se que temos o nível de controle no qual é preciso promover ações para reduzir a ocorrência de insetos.
Se essas ações não forem tomadas, ou forem realizadas sem sucesso, a população de insetos pode atingir o nível de dano econômico, causando perdas financeiras ao produtor.
O monitoramento da mosca-branca deve ser feito durante todo o ciclo da cultura, por inspeções e com o uso de armadilhas adesivas de cor amarela.
Além de proteger o meio ambiente, o manejo integrado de pragas promove a redução de custos com inseticidas, sendo vantajoso economicamente.
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), na safra 2015/2016, o aumento da incidência da mosca-branca na cultura da soja nos estados de Mato Grosso e Goiás foi responsável por elevar em até 35% os gastos com inseticida.
Para evitar esse cenário, é fundamental realizar o monitoramento do inseto e prevenir infestações por meio do emprego de diferentes táticas de controle.
Confira, a seguir, os métodos culturais, químicos e biológicos que podem ser utilizados para o controle da mosca-branca.
Controle cultural
O controle cultural consiste na criação de um ambiente desfavorável à instalação do inseto na lavoura. Deve ser implementado de maneira preventiva.
O primeiro passo para isso é assegurar-se de plantar mudas sadias, pois, segundo a Embrapa, quanto mais cedo a planta for infectada, maior será o prejuízo para a produção.
De acordo com estudos da Embrapa Hortaliças, no caso da cultura de tomate, a infecção precoce das mudas reduz a produtividade em 60% dos cultivares suscetíveis ao vírus.
Outra medida é implantar barreiras vivas para evitar ou reduzir a entrada de insetos na área de cultivo.
Também é necessário eliminar plantas daninhas hospedeiras da mosca-branca, bem como restos de plantas que possam ser infectadas pela praga.
Além disso, é possível instalar armadilhas para eliminar os indivíduos adultos da mosca.
Por exemplo, armadilhas adesivas de cor amarela atraem o inseto e são úteis para realizar seu monitoramento.
Por último, recomenda-se o plantio de cultivares resistentes ao vírus.
Controle químico
O controle químico é muito utilizado para manter a população de mosca-branca em um nível estável.
Porém, esse método pode perder eficiência se não houver o emprego de outras formas de controle em paralelo ou se for conduzido de forma equivocada.
O primeiro cuidado a ser observado é a utilização de apenas produtos registrados especificamente para a cultura em que serão aplicados.
Também é necessário realizar a rotação entre grupos químicos de diferentes modos de ação para evitar o desenvolvimento de resistência aos princípios ativos por seu uso contínuo.
A utilização de um único inseticida ou seu uso desmedido pode causar a seleção de populações resistentes do inseto, tornando seu controle ainda mais difícil.
Dentre os grupos químicos utilizados no combate à mosca-branca estão os organofosforados, os piretroides, neonicotinoides, a tiadiazinona e as sulfoxaminas.
É preciso determinar a fase de desenvolvimento do inseto (ovos, ninfas ou adultos) em predominância na lavoura para realizar a escolha do inseticida efetivo para esse estágio.
Observar a dosagem recomendada pelo fabricante é uma medida fundamental.
Não é indicada a aplicação preventiva de inseticida (antes que a população do inseto atinja o nível de controle), pois isso pode reduzir a permanência de seus predadores naturais.
É indispensável a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) ao realizar a aplicação, além de levar em conta as condições climáticas no momento da utilização.
Veja também: EPIs: saiba como usá-los para ter mais segurança no campo
Controle biológico
O controle biológico pode ser feito pela manutenção de predadores da mosca-branca na lavoura ou pela introdução de seus inimigos naturais no meio.
Dentre os predadores da mosca-branca, podemos citar o ácaro Ambliseius tamatavensis e as joaninhas das espécies Eriopis connexa e Coleomegilla maculata.
É necessário empregar estratégias que criem as condições necessárias para a permanência desses organismos nas áreas de cultivo.
Essas ações incluem o uso de inseticidas seletivos que permitam a sobrevivência desses agentes.
Outros inimigos da mosca-branca são os parasitoides e os entomopatógenos.
Esses organismos podem ser criados em laboratório com a finalidade de serem introduzidos nas lavouras.
Os entomopatógenos multiplicam-se no organismo do inseto hospedeiro, provocando uma infecção que causa o seu perecimento.
Entre os fungos entomopatogênicos utilizados para esse fim estão o Beauveria bassiana e o Metarhizium anisopliae.
Já os parasitoides agem no controle da mosca-branca ao realizar parte de seu ciclo no interior do organismo hospedeiro em um processo que culmina com sua morte.
Alguns dos gêneros de parasitoides utilizados são Encarsia, Eretmocerus e Amitus.
Melhoramento genético
Outra forma de combate à mosca-branca é a utilização de organismos geneticamente modificados.
Como exemplo, temos a iniciativa da Embrapa que desenvolveu o feijão resistente ao vírus do mosaico-dourado transmitido pela mosca-branca.
Trata-se da cultivar BRS FC401 R, idealizada para ser adotada em associação com técnicas de manejo integrado da mosca-branca e das viroses a ela associadas.
Dessa forma, os agricultores que se dedicam ao cultivo de feijão contam com mais uma estratégia para evitar perdas em sua produção causadas pelo inseto.
Conclusão
A realização do controle da mosca-branca é essencial para o sucesso da produção agrícola.
Para isso, é necessário empregar o manejo integrado de pragas, que preconiza o uso simultâneo de diferentes técnicas de controle.
Entender como manter a lavoura sadia é fundamental para os produtores agrícolas e para os distribuidores de insumos, que são referência para os agricultores em termos de difusão de produtos e de conhecimento técnico.
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