Não é de hoje que o agronegócio brasileiro vem batendo recordes de produção a cada safra. Mesmo em pleno crescimento e com uma alta rentabilidade, o setor nem sempre era prioridade para os investidores devido aos seus riscos intrínsecos.
Mas, nos últimos anos, começamos a presenciar uma entrada cada vez maior do mercado de capitais no agronegócio, favorecendo toda a cadeia produtiva. Isso acontece devido a vários fatores, mas vamos destacar os dois principais: o momento que o país passa e a capacidade de medir com precisão o risco de cada operação financeira.
Com índices como a Selic em baixa, reduzindo consideravelmente a lucratividade de investimentos em renda fixa, os investidores estão buscando opções alternativas mais rentáveis em setores antes não explorados.
“Se antes o crédito rural era fornecido a 50%, 60% da taxa básica de juros – a Selic -, agora temos 300%, 400%. Com a Selic a 2% e o crédito sendo concedido subsidiadamente, digamos, a 8%. Essa rentabilidade passou a ser atraente para o investidor que antes ficava rentista, por exemplo, no Tesouro e agora não tem mais essa opção e precisa colocar a sua poupança na economia real.”, comenta Bernardo Fabiani, CEO da TerraMagna.
A alta do dólar também faz com que o cenário seja muito atrativo e acessível para o mercado internacional. A possível entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a iminente implementação de sistemas de comércio de emissão de carbono são outros estímulos para o mercado estrangeiro.
As informações que faltavam antes
O cenário positivo atrai investidores nacionais e internacionais, mas sozinho ele não é suficiente para criar a demanda atual. Trabalhar com um cenário arriscado é aceitável para investidores, uma vez que o rendimento é proporcional ao risco. O problema dos investidores com o agro era não conseguir medir com precisão os riscos desses investimentos. Mas esse gap de informações agora é solucionado com a tecnologia.
O monitoramento via satélites, o uso de dados complementares (como índices regionais e documentos governamentais) e a análise por inteligência artificial permitem mensurar os riscos de uma operação financeira no agro, com precisão. O investidor passa a não só ter olhos no campo, mas a entender o potencial de produção de uma fazenda, seus limites de rendimento e as probabilidades de quebra de safra, conseguindo medir sua exposição ao risco.
E esse processo ocorre desde a análise de pré-financiamento até o acompanhamento de cada etapa de desenvolvimento da lavoura, do plantio à colheita, de maneira recorrente. Em caso de possíveis prejuízos, o investidor consegue tomar ações em tempo hábil, como a renegociação da dívida ou adição de garantias complementares.

Sem relação com a flutuação do mercado tradicional de investimentos, apoiado pela análise tecnológica e o monitoramento constante, o agro se apresenta como uma alternativa de alto rendimento para os investidores em um setor que sempre precisará de financiamento.
“Quando falamos de crédito no agronegócio, estamos falando daquilo que possibilita todos os outros insumos. A semente (mesmo que esse mercado seja muito à vista), o defensivo agrícola e até mesmo o fertilizante. O crédito é o protoinsumo para o agronegócio.”, finaliza Fabiani.