O ano começou turbulento. A guerra no Leste Europeu trouxe para o campo a preocupação com o abastecimento dos insumos, a maioria importados. Os custos das operações do dia a dia aumentaram, e a inflação subiu. Distribuidores de fertilizantes tiveram de ter agilidade para garantir o fornecimento do principal produto para a lavoura: o adubo.
A chegada dos carregamentos de fertilizantes importados aos portos brasileiros foi recebida com certo alívio pelo agricultor. Nas distribuidoras, os cálculos foram refeitos e os preços podem ser reajustados, mas não conforme anunciado no início da guerra.
De acordo com especialistas, a queda nos valores dos insumos importados se dá porque os produtores de grãos do Brasil e dos Estados Unidos passaram a usar menos fertilizantes de agosto de 2021 a abril deste ano; uma ação que já ocorreu no passado, em 2008, quando houve uma crise no setor.
Mas como alimentar mais de 6 bilhões de pessoas no mundo? Segundo o agrônomo americano Norman Borlaug (Prêmio Nobel da Paz em 1970), em entrevista dada certa vez ao Times, “sem fertilizantes, esqueça”. Uma referência ao papel da agricultura intensiva, principalmente em países cujos solos necessitam de correção para a produção agrícola.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o país usa 8% da produção mundial, com destaque para o potássio, com 38%; seguido por fósforo, com 33%; e nitrogênio, com 29% do consumo total de fertilizantes que entra no Brasil. Além disso, as culturas de soja, milho e
cana-de-açúcar são responsáveis por usar 73% dos insumos. Com a ameaça de faltar adubo, os produtores buscaram alternativas, com novos produtos e aplicação de tecnologias para manter a produção, o que fez o mercado ter um reposicionamento rápido enquanto as compras internacionais não se normalizam.
A tendência para 2023, afirmam especialistas do setor, é que, assim que a China (segundo maior consumidor de fertilizantes do mundo) voltar a comprar e a guerra entre Rússia e a Ucrânia tiver um desfecho, os preços recuem ainda mais no mercado internacional. Enquanto isso, distribuidores e agricultores brasileiros fazem as contas, buscando crédito para antecipar as compras, garantir os fertilizantes e continuar a produção de alimentos.