Como fazer uma operação de barter segura

Como já falamos em artigos anteriores, a pandemia trouxe dificuldades na obtenção de crédito, principalmente por parte do sistema financeiro convencional. Com isso, os produtores têm buscado cada vez mais a operação de barter, quando utilizam sua produção futura como pagamento para a compra dos insumos.

Para se ter uma ideia da representatividade da operação, segundo especialistas, cerca de 20% a 25% dos negócios realizados no agro são feitos através do barter.

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E a influência da operação não mudou por conta do câmbio e das incertezas econômicas; essas condições apenas destacam a importância de ter fundamentos e processos sólidos na concessão de crédito, seja qual for o veículo utilizado.

O melhor barter é aquele que atende os dois lados do balcão, ou seja, produtores e distribuidores, com riscos e responsabilidades claramente atribuídas e embasadas por um processo sólido.

Para tanto, o distribuidor deve fazer a análise do risco de crédito do produtor rural e seguir rigorosamente sua política estabelecida para vendas a prazo, sem flexibilizar aprovações de mais limite ou menos garantias.

A CPR (Cédula de Produto Rural), que facilita em muito a cobrança do produtor rural em caso de tentativa de inadimplência, deve estar bem-formalizada e assinada; registrada em cartório para que tenha eficácia contra terceiros; deve haver um contrato de compra e venda de commodity com data de entrega apropriada e uma cessão de crédito da trading para o distribuidor.

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As garantias no penhor agrícola devem ainda ser acompanhadas apropriadamente a fim de que sua execução, caso necessária, seja feita rapidamente, sem o desvio inapropriado da produção e consequente esvaziamento da garantia.

Por fim, convém realizar a análise de crédito da própria trading que está servindo como entrega da produção, particularmente se for uma empresa menor. Lembre-se de que, após a entrega do grão, o risco da operação para o distribuidor deixa de ser o produtor e passa a ser a trading, até que esta pague o distribuidor. É comum depararmos com casos que nos lembram o quão importante é avaliar todos os pontos de risco da operação, inclusive o do offtaker, ou seja, de quem compra a produção.

É importante destacar que recursos como o monitoramento via satélite, o processamento de dados e a análise via inteligência artificial, também tem um papel fundamental em todo o processo, garantindo mais segurança. É primordial que as distribuidoras analisem as negociações, usando recursos tecnológicos para verificação de propriedade, para que possam escolher garantias seguras e taxar as operações de maneira justa e precisa.