Abelha indo realizar a polinizacao em uma flor de girassol

Polinização: como a agricultura se beneficia desse processo

A polinização é um processo que ocorre naturalmente no meio ambiente e, portanto, tem seus efeitos também nas plantações agrícolas.

Isso porque é preciso sempre considerar a flora regional e local para que a produtividade da plantação seja maior, assim como sua qualidade. 

Tendo isso em vista, entender como funciona a polinização é essencial para saber como lidar com ela. 

Vale lembrar que existem maneiras de acompanhar e controlar esse processo, de acordo com a necessidade. 

Entenda mais sobre a polinização e por que ela é tão importante para a agricultura

O que é a polinização?

A polinização é a maneira como as plantas se reproduzem. O termo faz referência ao momento em que os grãos de pólen se soltam de uma planta e entram em contato com o aparelho reprodutor da mesma planta ou de outra da mesma espécie. 

A partir desse contato, ocorre a reprodução da planta. As sementes que depois se desenvolvem só surgem após os grãos de pólen fecundarem os óvulos das plantas.

O processo visa manter a espécie e aumentar seu número tanto na região em que está quanto em outras localidades.

Esse é um processo natural que ocorre com todas as plantas e mantém um biossistema em pleno funcionamento, de maneira adequada. 

Dessa forma, é considerado imprescindível para os biomas e para o meio ambiente. O que pouca gente sabe, entretanto, é que esse processo também é positivo para a agricultura, direta e indiretamente. Por isso, vale a pena entender como funciona e qual é a sua importância. 

Como ocorre a polinização?

Como falamos anteriormente, a polinização é o encontro do pólen com o aparelho reprodutor. Para isso acontecer, existem diferentes processos existentes na natureza, dependendo do meio:

  • anemofilia: pelo vento; 
  • entomofilia: por insetos, no geral; 
  • cantarofilia: por besouros;
  • falenofilia: por mariposas;
  • ornitofilia:  por aves diversas;
  • hepertofilia: por anfíbios e répteis, geralmente em plantas baixas;
  • melitofilia: por abelhas, abelhas sem ferrão e vespas;
  • hidrofilia: pela água;
  • artificial: pelo homem;
  • quiropterofilia: por morcegos. 

Para atrair os insetos e animais que fazem a polinização, as próprias plantas “oferecem” algo que os atraia até elas, como o néctar, liberação de óleo ou de odor. 

A primavera, por exemplo, é o momento em que a maior parte das plantas está em reprodução, por isso é a estação em que estão mais coloridas, mais cheirosas e maiores. 

Assim, conseguem atrair esses animais e, consequentemente, aumentam as chances de reprodução. 

Desse modo, os polinizadores são parte fundamental desse processo. E é nesse momento que se tornam importantes também para a manutenção do biossistema e, consequentemente, das culturas plantadas (como vamos explicar melhor a seguir). 

Quem são os principais polinizadores?

Como vimos, existem várias maneiras de a polinização acontecer, mas, sem dúvida, as principais incluem o trabalho dos insetos e do vento. 

Dessa maneira, é essencial entender como os insetos podem influenciar em um ecossistema e até mesmo em uma plantação. 

Muitos deles podem ser, inclusive, maléficos para a cultura plantada, fazendo com que sejam combatidos para garantir a qualidade dos produtos. 

As abelhas são conhecidas por serem fundamentais na polinização natural das plantas. Por isso, são considerados insetos que merecem proteção.

Isso porque, sem elas, algumas espécies de plantas podem até mesmo desaparecer, pois apenas as abelhas são responsáveis pela sua reprodução. 

Por mais que pareça algo “pequeno”, o sumiço de uma espécie de plantas pode desequilibrar todo um ecossistema local, mudando desde os outros insetos presentes até abrir espaço para animais e pragas se manifestarem por ali. 

Ou seja, nesse sentido, ter o controle da polinização local é muito importante para a agricultura, pois o sumiço de um inseto ou de uma espécie de planta pode afetar toda a região e, consequentemente, a produtividade agrícola. 

No caso do vento, as mudanças do clima também podem interferir; porém, o controle do agricultor quanto a isso está mais na proteção da plantação contra as intempéries, e menos no controle da polinização. 

Por que a polinização é importante também para a agricultura?

Além de contribuir para a manutenção da vegetação nativa, a polinização também ajuda a própria plantação agrícola a se desenvolver.

A plantação, mesmo com todo o controle agrícola implementado, continua fazendo parte da flora e, assim, também é beneficiada pela polinização dos insetos.

Na verdade, diversas culturas conseguem aumentar muito a produtividade apenas pela presença de algum agente polinizador específico, que espalha o pólen na própria plantação. 

A soja é um exemplo disso. Grande parte do desenvolvimento da plantação é resultado da presença dos insetos; estudos mostram que cerca de 60% da produtividade da soja é resultado da polinização. 

Estima-se, também, que 114 das 191 das culturas plantadas no Brasil têm ação melhorada por causa dos insetos presentes. 

De acordo com dados do Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, realizado pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e pela Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP), isso tem um grande retorno financeiro para a agricultura. 

Considerando o Brasil e suas culturas, é estimado que esse número chegue a
R$ 43 bilhões. 

Ou seja, a manutenção do biossistema de insetos e animais é uma preocupação valiosa, que pode trazer muitos resultados positivos para a produção agrícola. 

Além disso, como falamos anteriormente, considerar a natureza em torno da plantação também faz com que a polinização seja mantida e, consequentemente, tenha efeitos na plantação. 

Um ecossistema equilibrado é sempre a melhor opção quando o assunto é agricultura, pois todos os elementos da natureza interagem entre si. 

Assim, investir em tecnologias, estudos e pesquisas para manter ou criar esse equilíbrio é algo que vale a pena a curto e longo prazo. 

Como incentivar e proteger a polinização na sua terra?

Depois de entender a importância e a necessidade da polinização para a agricultura, é preciso saber também como preservar e incentivar esse processo. 

Na verdade, o foco está em conseguir um ecossistema equilibrado, tão benéfico para as culturas. Para isso, é preciso entender tanto da flora da região quanto das necessidades da plantação. 

Por ser algo relativamente complexo (principalmente quando é necessário criar o equilíbrio do ecossistema), existem profissionais especializados apenas nesse tipo de estudo e consultoria.

Essas pessoas são capacitadas por terem tanto o conhecimento biológico de funcionamento da flora quanto o de agricultura. 

Por isso, caso esteja tendo dificuldades com a plantação, principalmente relacionado a desenvolvimento e produtividade, vale a pena fazer a análise de polinizadores.  

Assim, serão indicadas as medidas que podem ser tomadas para melhorar essa questão. Em alguns casos, talvez seja necessário inserir um agente ou até mesmo combater algum tipo de inseto. 

Os agrotóxicos e os polinizadores

Uma questão muitas vezes controversa nesse sentido é o uso de agrotóxicos na plantação. Em muitos casos, eles podem acabar gerando essa desestabilização do ambiente ou matando diretamente algum polinizador importante. 

Por isso, os agrotóxicos, por mais que façam parte da plantação de qualquer cultura, precisam ser escolhidos e utilizados com atenção e responsabilidade. 

Em alguns casos, pode ser a solução de um problema a curto prazo, mas acaba trazendo prejuízos financeiros no longo prazo. 

Um exemplo disso é o sulfoxaflor, um pesticida bastante utilizado e que é permitido no Brasil desde 2019. 

Apesar de ter boa ação, não é tão seguro para o meio ambiente, pois causa a morte de muitos outros insetos que não são pragas, o que prejudica a polinização e a manutenção do ecossistema. 

Um dos efeitos pode ser visto na população de abelhas, pois é bastante tóxico para elas. Isso faz com que inúmeras culturas tenham sua produtividade reduzida pelo sumiço do inseto da região. 

Vale lembrar que, como citamos, a abelha é um dos maiores polinizadores do planeta, sendo essencial para vários processos naturais e agrícolas. 

Uma saída para muitos agricultores é colocar uma população de abelhas na região da plantação. 

Em contrapartida, muitos também conseguem lucrar ainda mais em cima dessa estratégia. Isso porque o mel é um produto de grande exportação, fazendo com que seja possível vender o mel produzido por elas.

Investimento em pesquisas, estudos e tecnologia

Entender como a polinização funciona, portanto, é fundamental para cuidar bem de qualquer plantação

Tão importante quanto isso é saber como está o ecossistema ao redor da produção e o que pode ser feito para melhorá-lo. 

Para isso, é indicado realizar estudos e pesquisas para observar os níveis de polinização da região e do ambiente. 

Muitas vezes, pode ser que estejam desregulados (para mais ou para menos), o que exige mudanças. 

E, nesse sentido, as tecnologias podem ajudar. Hoje em dia, é possível fazer esse tipo de pesquisa de maneira muito mais facilitada, com ajuda dos instrumentos tecnológicos de acompanhamento. 

São necessários investimentos para viabilizar esse tipo de estudo, mas é um dinheiro com retorno, pois, com o ecossistema controlado e funcionando da melhor maneira, a produtividade agrícola também aumenta.

Se está precisando fazer esse tipo de estudo de polinização, o crédito agrícola pode ajudar nessa questão.