A preocupação com os efeitos climáticos e as mudanças que vêm ocorrendo têm algumas das preocupações do agronegócio. Com a possibilidade de uma fonte extra de rendimento, as ações sustentáveis têm entrado na agenda do produtor rural.
De olho nos créditos de carbono, já há algum tempo, o agronegócio brasileiro vem incluindo ações para reduzir a emissão de gases de efeito estufa nas propriedades rurais. Em um evento recente no estado do Mato Grosso do Sul, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apresentou o Programa Nacional de Cadeias Agropecuárias Descarbonizantes para alavancar as ações de sustentabilidade no setor.
O projeto prevê remuneração aos produtores rurais que já promovem iniciativas para diminuir ou neutralizar a emissão dos gases de efeito estufa durante a produção.
Enquanto isso está em andamento no país, outra ação, o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC+), ampliou sua atuação e tem como meta a redução de emissão de carbono em 1,1 bilhão de toneladas até 2030.
Para atingir esse número, oito tecnologias são apontadas com resultados comprovados: recuperação de pastagens degradadas, sistema de plantio direto, sistemas de integração, florestas plantadas, sistemas irrigados, bioinsumos, manejo de resíduos da produção animal e terminação intensiva.
Assim, podemos perceber que é também necessário ter pessoas especializadas para fazer a quantificação ou a determinação de não geração de gases do efeito estufa ou de outros elementos contaminantes nas propriedades rurais; isso foi explicado por um especialista da Aliança Brasileira de Pesquisa em Finanças e Investimentos Sustentáveis.
Não basta apenas querer ser sustentável; é necessário ter uma formação e entender como a atividade agrícola pode ser rentável preservando o meio ambiente. E uma ação determinante para que isso ocorra é, na propriedade rural, haver prestadores de serviços com formação adequada, como fez a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), uma das 26 instituições parceiras das ações do programa ABC. Em 10 anos, foram capacitadas 118.987 pessoas no Brasil, sendo 45.773 profissionais no estado de Minas Gerais, o que corresponde a 38,47% do total de capacitações. Com relação aos contratos, foram feitos 10.558, o que gira em torno de R$ 3 bilhões, como mostrou o Mapa em evento promovido pela Emater para apresentar as perspectivas e oportunidades do mercado de carbono ao agronegócio mineiro.
Desse modo, sustentabilidade representa renda extra para o produtor rural; muitas vezes o que falta é o conhecimento técnico dos processos para que as práticas adotadas se transformem em rendimentos financeiros. Portanto, avançar na orientação e divulgação das atividades agrícolas desenvolvidas sem gerar poluição passa a fazer parte da agenda do agronegócio sustentável.