silicio dentro de uma placa de petri

Silício: origem, aplicações e suas propriedades

Você sabe como o silício pode tornar sua plantação mais resistente e aumentar a produtividade de sua lavoura? 

O silício é mais conhecido por sua utilização na fabricação de componentes eletrônicos; porém, o elemento também encontra uma grande aplicação na agricultura.  

Entenda como o silício torna os vegetais mais tolerantes a fatores de estresse como salinidade e deficiência hídrica, além de atuar no controle de pragas. 

O que é o silício?

O silício, representado pelo símbolo Si, é o segundo elemento químico mais abundante do planeta, ficando atrás apenas do oxigênio.

Ele não é classificado como um elemento essencial para as plantas. Ou seja, mesmo em sua ausência, os vegetais podem completar seu ciclo de vida.

No entanto, o silício tem sido considerado um elemento mineral benéfico pela comunidade científica. 

Assim, mesmo que não seja primordial para a sobrevivência da planta, o silício pode contribuir para o seu desenvolvimento e produtividade.

Isso porque o mineral eleva a capacidade fotossintética de espécies vegetais, melhora sua tolerância ao estresse hídrico e aumenta suas defesas contra pragas e doenças. 

Por ter grande afinidade com o oxigênio, o silício não pode ser encontrado na natureza em sua forma elementar, aparecendo apenas em formas combinadas. 

O elemento é absorvido pelas plantas na forma de ácido monossilícico (H4SiO4) e é depositado nas paredes das células da epiderme do vegetal, fortalecendo sua estrutura. 

De que maneira o silício contribui para a saúde das plantas?

Após ser absorvido, o silício é capaz de provocar alterações na estrutura da planta pela deposição de uma camada dupla de sílica abaixo das cutículas do tecido vegetal. 

Essa alteração estrutural torna as folhas do vegetal mais eretas, diminuindo seu acamamento e a incidência de sombras em seus segmentos.

Dessa forma, a planta pode se beneficiar de uma maior absorção dos raios solares, o que estimula o processo de fotossíntese e culmina em um maior desenvolvimento. 

Além disso, o silício tem uma atuação importante no aumento da resistência de plantas a estresses abióticos. 

Falaremos sobre esses fatores a seguir tendo como base o Comunicado Técnico 259 da Embrapa.

Estresse hídrico

O fortalecimento da estrutura da planta pelo silício a torna mais resistente contra o estresse hídrico, pois o reforço do tecido vegetal evita a perda de água por transpiração.

O silício também minimiza a perda de água pela planta ao reduzir seus poros estomáticos, além de evitar a compressão de seus vasos durante a transpiração excessiva causada pela seca. 

Além disso, o silício induz a síntese de enzimas antioxidantes na planta, o que contribui para uma melhora de sua defesa contra o estresse hídrico. 

Salinidade

O excesso de sal acelera o processo de senescência da planta e pode levá-la à morte. 

O silício pode aliviar o estresse salino por reduzir a taxa de transpiração da planta e melhorar a atividade do sistema antioxidativo do vegetal. 

Radiação UVB

O excesso de radiação UVB pode comprometer o desenvolvimento dos vegetais, inibindo a fotossíntese, além de reduzir seu porte e sua biomassa total. 

O silício aumenta a ocorrência de compostos que absorvem radiação UVB nas plantas, fortalece suas defesas antioxidantes e amplia a expressão de genes ligados ao fotorreparo. 

Elementos tóxicos

A presença de silício reduz a biodisponibilidade de elementos tóxicos no solo, por induzir sua conversão em frações insolúveis. 

Além disso, ele aumenta a tolerância de plantas ao caráter tóxico de elementos como manganês, cádmio, ferro e arsênio. 

Influência no teor de fósforo

O fósforo é um elemento que pode ficar retido em partículas do solo, em um processo conhecido como adsorção. 

O silício tem a capacidade de reduzir a adsorção de fósforo por competir com esse elemento e provocar seu deslocamento. 

Dessa forma, os solos tratados com silício aumentam a disponibilidade de fósforo que pode ser absorvido pelas plantas, proporcionando a elas um melhor desenvolvimento.

Desse modo, o silício é capaz de aumentar a eficiência da adubação fosfatada

Leia também: Fósforo: como o nutriente age no crescimento das plantas

Quais são as fontes de silício? 

Fonte: Pixabay

Diversos fertilizantes têm sido comercializados como fontes de silício a fim de melhorar a composição do solo. 

A seguir, listamos as fontes comerciais de silício e suas características, de acordo com o Comunicado técnico 259 da Embrapa: 

  • Silicato à base de escória: são fontes econômicas de silício, embora se trate de uma matéria que pode conter acúmulo de metais pesados, o que é prejudicial ao meio ambiente.
  • Silicato de potássio ou sódio: são solúveis em água e costumam ser utilizados em pulverizações foliares. 
  • Silicato de potássio de liberação lenta: é produzido a partir de minerais como silicato de potássio e magnésio fundido, minerais que não representam risco ao meio ambiente. 
  • Silicato de cálcio e silicato de cálcio e magnésio: são utilizados como fonte de substâncias como cálcio, magnésio e silício para plantas ou como forma de corrigir a acidez do solo
  • Ácido monossilícico: é uma fonte mais utilizada para fins de pesquisa devido ao seu custo elevado. 
  • AgroSiCa: trata-se de um subproduto da produção de fósforo elementar, que proporciona um aporte de cálcio, fósforo e silício ao solo. 

A utilização do silício no controle de pragas e doenças 

A deposição do silício na epiderme dos vegetais cria uma barreira mecânica que dificulta o acesso de insetos-praga à planta. 

Na tentativa de alimentar-se da planta, os insetos sofrem um desgaste de suas mandíbulas e têm uma nutrição ineficiente. 

Isso causa uma redução na capacidade de sobrevivência e reprodução de insetos-praga, o que se traduz em uma diminuição dos danos gerados por esses agentes nas lavouras. 

Por ter seu acesso à planta atrasado, as pragas também se tornam mais suscetíveis à ação de inimigos naturais, ao controle químico e a intempéries. 

Além disso, ele faz com que as plantas tenham uma maior produção de tricomas, que são pequenos pelos na superfície das folhas. 

Esses pelos tornam a planta menos palatável aos insetos e dificultam o seu processo de digestão. 

A acumulação nas lâminas foliares também proporciona resistência a doenças causadas por fungos. 

De forma semelhante ao que acontece em relação às pragas, a barreira física formada pela deposição de silício na epiderme do vegetal funciona como um obstáculo à penetração de fungos patogênicos.

O elemento também estimula a síntese de enzimas e polifenóis, que atuam no mecanismo de defesa das plantas. 

A influência do silício na bioquímica das plantas torna mais lenta a colonização dos tecidos vegetais por fitopatógenos. 

Além disso, o silício pode promover a produção de toxinas que agem como repelentes ou inibidoras de parasitas.

Aplicação de silício na cultura do milho para combate da
lagarta-do-cartucho 

Como exemplo da atuação do silício no controle de pragas, temos sua contribuição para o combate da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) na produção de milho.

Conforme o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 160 da Embrapa, o inseto apresenta uma elevada expansão populacional, causando danos nas folhas e nos cartuchos de milho. 

As perdas causadas pela lagarta situam-se entre 34% e 40% da produção de grãos, gerando prejuízos na ordem de 400 milhões de dólares por ano

Com o tratamento das plantas por silício, as lagartas apresentaram um desgaste de suas mandíbulas e tiveram sua alimentação comprometida. 

Em decorrência disso, foi observada uma maior mortalidade da espécie, além do aumento de canibalismo entre Spodoptera frugiperda

Veja também: Lagarta: saiba tudo e mantenha longe da plantação

Emprego de silício no controle da ferrugem asiática da soja 

Segundo a Embrapa Soja, a ferrugem asiática pode causar perdas de produtividade nos cultivos de soja que variam entre 10 e 90%.  

A aplicação de silício pode ser um auxiliar no combate da ferrugem asiática por reduzir a severidade da doença na planta.

O silício prolonga o período de latência da ferrugem asiática, aumentando o tempo disponível para que o mecanismo de defesa da planta combata a doença. 

O silício também pode atuar no aumento de substâncias pigmentadoras da soja, o que torna seu processo de fotossíntese mais eficiente e reduz os sintomas da ferrugem asiática. 

Benefícios do silício

Conforme vimos ao longo do texto, ele é um elemento mineral de grande utilidade para a agricultura e de notável auxílio no desenvolvimento das lavouras. 

Segundo a Circular Técnica 48 da Embrapa, podemos citar como alguns dos principais benefícios do silício:

  • melhora da taxa fotossintética de plantas;
  • maior capacidade de suportar adversidades climáticas, edáficas e biológicas; 
  • maior tolerância a estresses de natureza biótica (pragas e doenças) e abiótica (estresse hídrico, salinidade, metais pesados, radiação ultravioleta); 
  • melhora da arquitetura foliar; 
  • aumento da tolerância contra insetos-praga e fungos patogênicos; 
  • interações nutricionais benéficas aos cultivos, como maior absorção e acumulação de fósforo; 
  • maior produtividade das culturas agrícolas. 

Conclusão

O silício é um elemento mineral benéfico ao desenvolvimento de plantas, proporcionando o aumento de sua resistência a estresses bióticos e abióticos.

Incluir o silício como parte da adubação da lavoura é uma opção a ser considerada para a obtenção de uma produção de qualidade. 

Assim, conhecer o silício e seus benefícios torna-se fundamental para os distribuidores de insumos que buscam o melhor resultado para seus clientes. 

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