Tempos desafiadores para o agronegócio

O agronegócio brasileiro cresceu. Para os próximos anos, o setor tem o desafio de continuar a ser grande, mas com menos crédito público e taxas de juros mais altas.

Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o setor agrícola deverá crescer em torno de 6,2% nesta safra, mais do que na anterior, e alcançar 271 milhões de toneladas de grãos.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que calcula o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio com apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), estimou que, em 2022, a participação do setor na economia fique por volta de 26,24%. O estudo, divulgado no início de junho, mostra que o custo das atividades nas propriedades rurais brasileiras impactou o crescimento, com decréscimo de 0,8% no primeiro trimestre. A preocupação é como avançar sem crédito.

Durante o seminário “O papel do financiamento na retomada do crescimento da economia”, promovido pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, o vice-presidente da CNA mostrou como é desafiadora a situação e explicou: “com a alta da taxa Selic, serão necessários mais recursos para a equalização dos juros do próximo crédito rural. Na safra 2021/2022, foram destinados R$ 13 bilhões para subsidiar os juros, mas pelos cálculos da CNA, para financiar o ciclo 2022/23, será preciso R$ 22 bilhões”.

O aumento dos preços dos alimentos se tornou um tema de discussão no mundo; O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) atingiu uma média de 157,4 pontos em maio deste ano. A organização acompanha as mudanças mensais nos preços internacionais de uma cesta de alimentos comum e aponta que esse valor ficou 22,8% maior do que no mesmo período de 2021.

No Brasil, os agricultores precisam de créditos disponíveis com custos mais acessíveis para que a dinâmica da produção se mantenha. A importância do agronegócio para a sociedade passa pela garantia da nutrição. Portanto, disponibilizar os valores necessários para distribuidores de sementes, fertilizantes e outros insumos agrícolas é oferecer condições para a sobrevivência do setor.