O Brasil assumiu a responsabilidade de, até 2030, ampliar cerca de 25%a 30% o uso de combustíveis produzidos a partir de fontes renováveis. Nesse cenário, o HVO, também conhecido como diesel verde, é uma das grandes apostas.
Inclusive, o HVO ainda colabora com a missão de descarbonização sustentável, visando sempre nossa segurança energética.
Isso acontece devido ao fato de esse diesel não apresentar limitação quanto ao volume a ser misturado, apresentar propriedade mais estável e melhorar consideravelmente a regulagem do motor.
Estamos passando por um momento importante de transição, a fim de colaborar com a recuperação do meio ambiente.
Portanto, as mudanças começam também nos campos ao escolher os insumos agrícolas e fontes para os maquinários.
Neste artigo, explicaremos o que é HVO e os seus impactos, principalmente com relação à soja. Boa leitura!
O que é HVO?
Hoje, um dos temas que estão em evidência, sem dúvidas, é o crescente aumento da emissão de gases do efeito estufa (GEE).
Portanto, há grande apelo para começar a substituir os combustíveis tradicionais por aqueles gerados a partir de fontes renováveis.
O HVO, sigla em inglês do Hydrotreated Vegetable Oil (óleo vegetal hidrotratado), combustível fabricado essencialmente a partir de óleos vegetais como a soja, tem se tornado protagonista para uma transição energética mais sustentável.
Por falar nisso, mais adiante, explicaremos o seu impacto no preço da soja.
A fabricação ocorre por meio do processo químico de hidrotratamento, no qual a matéria-prima reage com o gás hidrogênio em condições controladas de pressão e temperatura; o resultado é bastante parecido com o diesel fóssil.
Por fim, o HVO apresenta, de acordo com informações do documento Combustíveis renováveis para uso em motores do ciclo Diesel (2020):
- maior estabilidade de armazenamento;
- melhores propriedades de fluxo a frio;
- liberado para motores ciclo diesel sem os limites ou modificações de mistura exigidos pelo éster de ácidos graxos.
Mas os benefícios não são só esses, claro. A seguir, explicaremos mais vantagens igualmente atrativas.
Quais as principais vantagens do HVO?
O HVO é, então, um combustível renovável que pode chegar a zerar a emissão de CO2.
Durante o seu ciclo de vida, reduz de 50% a 90% a emissão de GEE, quando comparado ao diesel comum. Além disso, ainda diminui em até:
- 33% o material particulado fino (MP)
- 30% os hidrocarbonetos (HC)
- 24% o monóxido de carbono (CO)
- 9% os óxidos de nitrogênio (NO)
Nesta lista, estão poluentes cujos níveis de emissão se potencializam quando se utiliza o biodiesel.
HVO e biodiesel: quais as diferenças?
É comum que o HVO seja confundido com biodiesel, mas o que os difere são seus componentes, a partir de uma explicação puramente química.
O HVO é uma mistura de hidrocarbonetos (formados por carbono e hidrogênio), produzido pelo processo químico de hidrotratamento (HDT).
Nele, as matérias-primas reagem com o gás hidrogênio em condições controladas de temperatura e pressão, formando um líquido similar ao diesel fóssil.
Por sua vez, o biodiesel é uma mistura de ésteres (constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio). Sua produção ocorre a partir do processo de transesterificação.
Basicamente, as matérias-primas reagem com um álcool, normalmente o metanol, formando um combustível totalmente diferente do diesel convencional.
Quais os benefícios do HVO sobre o biodiesel?
Em comparação com o biodiesel, o HVO apresenta diversas vantagens mais interessantes. Veja!
- O produto é compatível com os motores existentes
- Flexibilidade de matéria-prima. O teor de ácidos graxos livres no óleo vegetal é irrelevante.
- Maior número de cetano.
- Grande estabilidade à oxidação.
- Não colabora com o aumento da emissão de NOx.
- Não exige água para sua produção.
- Não dá origem a subprodutos que necessitam de tratamento adicional.
- A distribuição do combustível não causa poluição adicional. Pode ser transportado por meio das mesmas condutas já utilizadas para a distribuição de combustíveis de origem fóssil.
- Apresenta bom desempenho mesmo no frio.
Como utilizar o HVO?
De maneira geral, não há problemas em usar o HVO puro, mas pode ser aplicado em misturas com o diesel comum, obedecendo à proporção de 1% a 100%. O melhor de tudo: não é necessário alterar os motores ciclo diesel.
Ainda assim, devemos comentar que, em comparação ao B5 (mistura de 95% de diesel fóssil e 5% de biodiesel), o consumo de HVO puro, em volume, pode ser de 0,8% a 3,5% maior. Esse é o maior desafio para o uso do produto.
Diesel verde e o preço da soja
Desde o seu lançamento, nos Estados Unidos, o HVO virou alvo de comentários por apresentar fortes impactos à exportação, à produção de soja e, também, aos preços dos produtos derivados do grão no mercado global.
De acordo com dados da Conab, para este ano, no Brasil, era esperado que os agricultores destinassem para o plantio da soja uma área de 42,89 milhões de hectares, crescimento de 3,4% na comparação com a safra anterior.
O aumento na produção do grão deve ser de 21,3%. Com o avanço da área e da produtividade, é esperada uma produção de 152,4 milhões de toneladas no ciclo 2022/23.
A semeadura da soja desta safra ocorre dentro da janela nos principais estados produtores e já chega a 4,6% da área, maior índice registrado no Paraná (9%), seguido de Mato Grosso (8,9%) e de Mato Grosso do Sul (6%).
Para a produção de combustível que alimenta o setor de transportes, haveria um impacto particular nas exportações da Argentina, em razão da ameaça de queda no preço dos produtos derivados da soja, produto essencial para a economia do país.
Já os Estados Unidos, claro, sempre investiram muito para que o desenvolvimento ganhasse força.
Para o diretor da Agri Trend, em oito anos, o consumo global de biocombustíveis em geral cresceu 72%, e o biodiesel teve um aumento de 53% contra 487% do HVO.
Isso faz com que o novo combustível seja considerado mais acessível e eficiente, se comparado aos preços e sua utilização para entrar como substituto do diesel comum.
Por fim, especialistas fazem questão de reforçar a importância de continuar investindo em biocombustíveis.
Quais são os desafios para o diesel verde?
O HVO ainda está em fase de discussões no Brasil, principalmente em virtude da fonte de suas matérias-primas. O Ministério da Agricultura aprova, desde que o fornecedor seja fruto da agricultura familiar.
Mas já vem sendo usado na Europa, na Ásia e na América do Norte, com preços mais vantajosos e crescimento considerável.
Por aqui, ele é produzido apenas em caráter experimental pela Petrobrás e, por isso, não existe uma regulamentação apropriada.
No entanto, está em tramitação a proposta de regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Então, quem sabe no futuro não teremos uma opção de combustível mais sustentável disponível também no mercado nacional?
O HVO é um dos combustíveis mais promissores para começar a trazer alternativas mais sustentáveis, rentáveis e acessíveis, inclusive para o produtor rural.
O Brasil é um dos países que ainda precisa resolver questões burocráticas com relação à fonte de matéria-prima, tendo em vista que a produção de biocombustível gera diversos novos postos de trabalho.
O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel estipulou que este ano, 2022, a adição de biodiesel ao diesel seria de 14% e subiria para 15% em 2023.
Crédito para continuar investindo em melhorias para sua lavoura?
E quando falamos em investimento, não está restrito apenas a estudos para produção de biocombustíveis, como o HVO.
É preciso trazer para as lavouras insumos agrícolas de qualidade, maquinários mais eficientes e mão de obra qualificada.
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