O terraceamento é uma técnica agrícola com inúmeras vantagens para a plantação e para o solo, mas muitos agricultores deixam de aplicá-la por causa de seu alto custo de construção.
Entretanto, com o investimento aplicado no objetivo correto, o terraceamento pode ser a técnica que faltava para você melhorar sua produtividade e lucrar muito mais.
Entenda mais sobre essa técnica agrícola!
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ToggleO que é terraceamento
O terraceamento é uma técnica agrícola para plantio já bastante conhecida tanto no Brasil quanto em outros locais do mundo.
É uma técnica de plantação feita em terraços (por isso o nome de terraceamento) e que é indicada principalmente para terrenos montanhosos, aumentando a área de produção.
O principal objetivo dessa técnica é evitar a erosão do solo pela água. Sem os terraços, as águas das chuvas, por exemplo, passariam com uma velocidade e pressão muito fortes, dificultando o desenvolvimento das plantas.
Essa erosão também causa o empobrecimento do solo, que perde minerais com a passagem da água. A longo prazo, isso tem grande impacto na plantação.
Com os terraços, a pressão e a velocidade de descida da água diminuem, fazendo com que se acumule nesses terraços e evitando a erosão. Depois, é feito o escoamento, se necessário.
A partir dessa técnica, a área com declive de um terreno também se torna produtiva a curto e a longo prazo, melhorando a lucratividade do agricultor e permitindo uma diversificação maior de suas culturas.
Apesar de ter sido criada para encostas, hoje o terraceamento também pode ser aplicado em terrenos com pouco declive, para aumentar a qualidade e a produtividade de uma cultura.
Técnica antiga
A técnica de terraceamento já é uma velha conhecida: foi criada pela civilização Inca, já entre 100 a.C. e 1.100 d.C.
Essa civilização vivia na região da Cordilheira dos Andes, aqui na América do Sul, em meio às montanhas e aos vales.
Assim, havia dificuldade em produzirem agricultura de subsistência, pois não tinham locais planos e sofriam muito com a erosão da terra.
Para pular esse obstáculo, desenvolveram, então, a técnica de terraceamento nas encostas das cordilheiras para criar áreas de plantação, diminuir a erosão de terra para os vales e, consequentemente, aumentar a qualidade do solo.
Hoje em dia, o terraceamento é uma técnica muito utilizada principalmente no sul da Ásia, porém também é aplicada em situações específicas em todo o mundo.
Diferença entre terraceamento e curvas de nível
Enquanto a técnica de terraceamento é feita com terraços artificiais, a de curvas de nível utiliza o formato original do solo, que é acidentado.
Ou seja, no segundo caso, a plantação é feita direto no solo, sem que haja necessidade de nivelamento artificial.
Porém, essa técnica é indicada quando os declives naturais do terreno não causam a erosão do solo pela água.
Por isso, antes de optar pelo terraceamento, vale a pena realizar um estudo para verificar a possibilidade de fazer o plantio em curvas de nível, que também trazem vantagens ao agricultor.
As vantagens da técnica de terraceamento
A técnica de terraceamento apresenta inúmeras vantagens para os agricultores, como:
- evita a erosão do solo;
- aumenta a qualidade do solo a longo prazo;
- aumenta as áreas de cultivo;
- possibilita o reaproveitamento de água;
- melhora a infiltração da água no solo;
- mantém o solo fértil e produtivo.
Com todas essas vantagens, o agricultor consegue aumentar sua produção e, consequentemente, sua lucratividade.
Também consegue diminuir gastos relacionados aos cuidados com o solo, o que é vantajoso a longo prazo.
As desvantagens da técnica de terraceamento
Mesmo com essas vantagens, muitos agricultores deixam a técnica de lado em razão de algumas desvantagens, que acabam diminuindo o custo-benefício para eles.
Algumas desvantagens do terraceamento são:
- alto custo de implantação;
- necessidade de estudo prévio;
- necessidade de manutenção, dependendo do terreno;
- custos com maquinário específico para plantio, cuidados e colheita em terraços;
- necessidade de mão de obra especializada.
Mesmo com essas desvantagens, muitas vezes o terraceamento é a única opção do agricultor, se seu terreno tiver um declive muito alto.
Além disso, também pode ser a solução para aqueles que querem aumentar sua produção, mas só têm terras em áreas inclinadas com muita erosão.
Ou seja, dependendo do caso, o terraceamento segue sendo a melhor opção.
Tipos de terraceamento
A técnica Inca de terraceamento foi a precursora, mas já foi deixada para trás em partes.
Hoje, os terraços são construídos a partir de conhecimentos científicos, tecnológicos e de cálculos precisos.
Isso porque são vários os fatores envolvidos na aplicação da técnica, desde a inclinação em si até o tipo de solo e de cultura.
Assim, é possível dividir a técnica de terraceamento em alguns tipos.
Terraços de armazenamento
São construídos com o objetivo de que a água acumulada nos terraços seja absorvida pelo solo por canais criados nele.
É uma aplicação recomendada para solos com porosidade, em que essa água realmente conseguirá ser absorvida; senão, ocorrerá o empoçamento, o que pode ser ruim para a plantação.
Terraços de drenagem
Como o nome sugere, esse tipo de terraceamento tem o objetivo de drenar a água que fica acumulada nos terraços.
Essa água drenada pode ser utilizada para reaproveitamento na lavoura (bastante comum) ou simplesmente é descartada em outro local do terreno, onde não causará desgaste no solo.
Essa técnica é indicada para os solos com baixa capacidade de infiltração e também depende da sensibilidade hídrica da cultura plantada.
É uma técnica que exige mais atenção, pois a drenagem precisa ser feita da maneira correta para manter a qualidade do solo a longo prazo.
Terraço misto
Construído com o objetivo de permitir um acúmulo de água para infiltração, mas com inclinação suficiente para realização da drenagem.
Esse tipo de terraceamento é construído de acordo com o tipo de solo, suas características e o tipo de cultura será plantada.
Isso porque é comum que as plantações sofram com o acúmulo excessivo de água, embora possam se beneficiar quando isso é controlado.
Terraceamento de base larga
Além dos tipos anteriores, também é possível classificar a técnica de acordo com o tipo de base.
O de base larga é indicado para declives mais suaves, que não precisam de tantos “degraus” para evitar a erosão. Assim, é possível fazer menos terraços, mas com a base bem mais larga.
Um dos pontos positivos desse formato é a possibilidade de calcular as bases de acordo com o tamanho dos maquinários utilizados pelo agricultor, facilitando seu trabalho.
Terraceamento de base estreita
É indicado para terrenos mais íngremes e que, por isso, precisam de mais degraus para evitar o escoamento descontrolado da água e a consequente erosão do solo.
Assim, são feitos mais degraus com a base mais estreita, com o objetivo de diminuir a pressão da descida da água.
Um ponto importante desse tipo de terraceamento é a necessidade de manter a vegetação nativa na parte frontal e posterior do terraço, pois isso ajuda no controle da água e também no escoamento.
Como os terraços são feitos e a importância de um profissional
Uma das características principais da técnica de terraceamento é que os terraços são feitos artificialmente. Ou seja, exige-se uma mão de obra qualificada para o desenvolvimento desse projeto.
Existem diferentes maneiras de criar os terraços, e tudo depende da inclinação presente, do tipo de solo, do tipo de cultura, do maquinário disponível e muitos outros pontos de atenção.
Os terraços são distribuídos de acordo com a quantidade média de chuvas na região, sua intensidade, duração e frequência.
Também é considerada a rugosidade do terreno, sua profundidade e quais são as técnicas de manejo utilizadas pelo agricultor.
Desse modo, cada projeto é único e precisa ser feito por um profissional qualificado, que realizará todos os cálculos necessários para a criação dos terraços da maneira correta.
Neste Manual da Embrapa, é possível ver algumas informações técnicas sobre a construção dos terraços.
Investimento em terraceamento
Com tantos detalhes a serem considerados, é de se esperar que a técnica de terraceamento não seja nada barata.
De fato, criar terraços artificiais em encostas íngremes não é nada fácil e exige altos investimentos.
Por causa disso, é muito comum que agricultores deixem a ideia de lado. Porém, vale lembrar que o dinheiro investido pode retornar ao produtor agrícola em sua lucratividade.
Assim, é preciso avaliar:
- Quanto de área plantada conseguirá com o terraceamento?
- Quanto isso aumentaria a produtividade?
- Quanto lucro isso traz a curto e longo prazo?