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Plantacao de cana de acucar usada para producao de bioenergia

Bioenergia: benefícios para o clima e para produtores rurais

Segundo José Goldemberg, ex-presidente da Fapesp, até 2050 a bioenergia pode corresponder a quase 30% da energia usada no planeta. 

Neste artigo, você vai entender o papel da bioenergia na redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e na mitigação das mudanças climáticas globais. 

Você verá também as vantagens de sua adoção pelos produtores rurais. Continue a leitura a seguir. 

O que é bioenergia?

A bioenergia é a conversão de matéria orgânica de origem vegetal ou animal, conhecida como biomassa, em energia elétrica, combustível ou calor

Trata-se de uma forma de energia renovável que se apresenta como uma alternativa aos combustíveis fósseis, sendo menos poluente. 

A bioenergia pode ser produzida a partir de matérias-primas como madeira, bagaço de cana, produtos agrícolas como milho e cereais, além de resíduos orgânicos. 

Durante o seu crescimento, as plantas absorvem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera por meio do processo de fotossíntese. 

Considera-se que a liberação de dióxido de carbono causada pela queima da biomassa é compensada pela absorção dessa substância durante o ciclo natural da planta. 

No entanto, é necessário pontuar que essa compensação não é automática, dependendo de um gerenciamento não predatório da produção.

A emissão de gases de efeito estufa por veículos que transportem a biomassa é um exemplo de fator que pode interferir nesse processo.

Importância da bioenergia para o meio ambiente

O desenvolvimento econômico gera uma maior demanda de energia, sendo necessário tomar medidas que previnam danos ao meio ambiente.

Uma forma de fazer isso é adotar formas sustentáveis de produção de energia,
buscando uma transição dos combustíveis fósseis para fontes renováveis.

A queima de combustíveis fósseis gera a produção de gases de efeito estufa (GEE), especialmente metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2).

Uma das mudanças causadas pela concentração de GEE na atmosfera são as mudanças climáticas, que têm se tornado cada vez mais evidentes. 

A crise do petróleo na década de 1970 e as flutuações do preço desse combustível sinalizaram para o mundo que era preciso buscar alternativas. 

Em 1997, foi fechado o primeiro tratado internacional que visava tomar medidas para controlar a emissão de gases de efeito estufa: o Protocolo de Kyoto

O tratado estabeleceu a meta de redução de emissão de GEE em pelo menos 5% em relação a 1990, durante o período 2008-2012. 

Como forma de obter essa redução, foi implantado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Segundo o MDL, a cada tonelada de CO2 que deixa de ser lançada na atmosfera ou dela é retirada, são emitidas as chamadas Reduções Certificadas de Emissões (RCEs).

Esse certificado, também chamado de crédito de carbono, pode ser negociado com outros países signatários para cumprimento de suas respectivas metas.  

Já no Acordo de Paris (2015), o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de GEE em 37% até 2025 em relação a 2005, com um indicativo para a redução de 43% até 2030.  

Como exemplos de fontes alternativas que podem contribuir para diminuir a emissão de GEE, temos a energia solar, a eólica, a geotérmica e a bioenergia

Segundo pesquisadores do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen), o uso de descartes da produção agrícola e de resíduos sólidos urbanos para a geração de energia poderia tornar as emissões de GEE neutras ou negativas em São Paulo.  

Dessa forma, a bioenergia tem despontado cada vez mais como um caminho para mitigar as mudanças climáticas globais. 

Principais biocombustíveis

Uma forma de incrementar o emprego de bioenergia é a utilização de biocombustíveis nos meios de transporte.

Esses produtos podem ser usados para substituir os combustíveis derivados do petróleo ou diminuir sua utilização. 

Conheça a seguir os principais tipos de biocombustíveis presentes no Brasil. 

Biodiesel

É um combustível produzido a partir de gorduras animais, óleos residuais ou óleos vegetais, como soja, canola, dendê e outras oleaginosas. 

O óleo de soja destaca-se como a matéria-prima mais utilizada para a fabricação de biodiesel no Brasil. 

A sua produção se dá a partir de um processo chamado de transesterificação, pelo qual são obtidos glicerina (utilizada no mercado de cosméticos) e um éster, que é o biodiesel.

Observe-se que o biodiesel somente pode ser utilizado em motores a diesel, funcionando como seu substituto. Pode ser usado puro ou misturado ao óleo diesel comum. 

Durante 2021, o percentual da mistura mandatória de biodiesel em diesel fóssil sofreu oscilações.

O percentual passou de 13% no primeiro trimestre para 10% em maio. Em setembro, aumentou para 12% e, em novembro, foi reduzido novamente para 10%.

Essa política representa uma importante contribuição para o consumo de biodiesel no país. 

Etanol

O etanol é produzido a partir da fermentação de amido e de outros açúcares. 

Sua matéria-prima pode ser obtida através de vegetais como a cana-de-açúcar, o milho, a beterraba, a mandioca e a batata. 

A maior parte da produção brasileira utiliza-se do bagaço de cana-de-açúcar para a produção dessa fonte de bioenergia. 

Atualmente, existem dois tipos de etanol circulando no mercado: o etanol anidro e o etanol hidratado

O etanol anidro, que não recebe adição de água, é acrescentado à gasolina. Já o etanol hidratado possui 8% de água em sua composição e é utilizado em motores flex ou híbridos.

O Brasil se destaca na produção de etanol por sua tecnologia e pelo clima favorável, sendo um dos maiores produtores do mundo.  

O estímulo da produção desse biocombustível no Brasil ocorreu com a criação do Programa Proálcool, em 1975, que buscava reduzir a dependência de combustíveis fósseis. 

Além de ser utilizado em motores, o produto também pode ser empregado para a geração de energia. 

Biogás

O biogás é obtido pela decomposição de matéria orgânica por bactérias através de um processo de fermentação anaeróbica realizado em um biodigestor.

Para a fabricação de biogás, é possível aproveitar materiais provenientes de aterro sanitário e de tratamento de esgoto.

Outros materiais que podem ser utilizados são: resíduos agrícolas, óleos vegetais, esterco, madeira, bagaço, palha, plantas, etc. 

Esse biocombustível pode ser empregado na produção de energia elétrica, apresentando-se como alternativa para áreas rurais isoladas. 

A produção dessa fonte de bioenergia tem a vantagem de representar um reaproveitamento dos resíduos alocados em aterros sanitários. 

Porém, nota-se que o biogás possui um teor elevado de dióxido de carbono e de metano, gases que contribuem para o efeito estufa. 

Mesmo com essa ressalva, trata-se de um combustível que é menos poluente em comparação com os fósseis. 

Biometano

É produzido a partir da purificação do biogás, em um processo que reduz seu teor de gás carbônico e remove água e gás sulfídrico de sua composição. 

Ao final do processo, é obtido um produto com 90% de metano, semelhante ao gás natural, e que pode ser utilizado para a substituição deste combustível. 

O biometano pode ser usado como substituto do diesel e da gasolina em veículos, tendo a vantagem de possuir um custo menor.

Esse biocombustível também pode ser empregado para a geração de energia elétrica. 

RenovaBio

A Política Nacional de Biocombustíveis é conhecida como RenovaBio, sendo disciplinada pela Lei nº 13.576/2017

Pode-se dizer que essa política tem potencial para impulsionar a indústria de bioenergia no Brasil

De acordo com os termos da Lei nº 13.576/2017, os objetivos da Política Nacional de Biocombustíveis são:

  • contribuir para o cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris;
  • colaborar com a adequada relação de eficiência energética e de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa na produção de biocombustíveis.
  • promover a adequada expansão da produção e do uso de biocombustíveis na matriz energética nacional.
  • promover a previsibilidade da participação competitiva de biocombustíveis no mercado nacional.

A RenovaBio é composta de três eixos: as Metas de Descarbonização, a Certificação da Produção de Biocombustíveis e o Crédito de Descarbonização.  

As Metas de Descarbonização são estabelecidas para um período de dez anos. 

O objetivo dessas metas é incentivar o aumento da participação de biocombustíveis na matriz energética brasileira de transportes.

A Resolução CNPE nº 15, de 24 de junho de 2019, estabeleceu metas de redução de emissões para o período 2019-2029. 

Tais metas são desdobradas, funcionando de forma compulsória para os distribuidores de combustíveis fósseis e de forma voluntária para os produtores ou importadores de biocombustíveis.

Por meio da Certificação da Produção de Biocombustíveis, a atividade das usinas de produção de biocombustíveis é fiscalizada e certificada.  

Os produtores de biocombustíveis precisam realizar um levantamento do CO2 liberado durante todas as etapas de seu processo produtivo, incluindo sua emissão por veículos. 

As usinas são inspecionadas por uma firma credenciada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

A fiscalização confere a exatidão dos números apresentados pelo levantamento de emissão de CO2, a origem da biomassa utilizada e o respeito às leis ambientais. 

Quando as usinas produtoras de biocombustível obtêm sua certificação, com cumprimento das normas da RenovaBio, elas podem receber as notas de eficiência energética

Essa nota determina qual é a quantidade necessária de biocombustível em litros para compensar a emissão de uma tonelada de CO2 na atmosfera. 

Esse valor corresponde a um Crédito de Descarbonização por Biocombustível (CBIO).

Os distribuidores de combustíveis fósseis podem adquirir CBIOs como forma de atingir o cumprimento de suas metas individuais. 

A compra de CBIOs é uma maneira de compensar as emissões de carbono derivadas das vendas de combustíveis fósseis. 

O CBIO é um ativo financeiro que pode ser negociado na Bolsa de Valores

O incentivo do programa RenovaBio pode impactar positivamente a adoção da bioenergia no país, contribuindo para o seu crescimento. 

Cenário da bioenergia em dados 

Os dados a seguir foram extraídos do Balanço Energético Nacional (BEN) de 2022, que é emitido pela Empresa de Pesquisa Energética vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Observe-se que o ano-base do relatório é 2021.

  • Nesse ano, a participação de renováveis na matriz energética brasileira foi de 44,7%. 
  • Como comparação, temos que a participação de renováveis na matriz energética mundial foi de 14,1% em 2019.
  • A biomassa da cana é responsável por 16,4% da Oferta Interna de Energia (OIE). 
  • “Outras renováveis” correspondem a 8,7% da OIE. 
  • A classificação “outras renováveis” compreende 8 fontes de energia. Dentro dessa rubrica, o biodiesel corresponde a 21,3%; o biogás, a 1,4%; e outras biomassas, a 5,1%. 

O relatório do BEN destacou o favorecimento do consumo de biodiesel no país promovido pela política de adição desse combustível ao diesel fóssil. 

O documento afirma que o Brasil é um dos maiores produtores do mundo de biodiesel e que o seu consumo aumentou em 5,3%. 

Vantagens da bioenergia para o setor agrícola

Como vimos, a necessidade de diminuir a emissão de gases de efeito estufa oriundos de combustíveis fósseis é um fator que tende a impulsionar a adoção da bioenergia. 

Assim, o fornecimento de matéria-prima para a produção de bioenergia torna-se uma opção para o produtor rural. 

Especialistas apontam que a bioenergia pode aumentar a produtividade das áreas agrícolas. 

Isso seria feito a partir da integração da produção voltada para abastecimento alimentício, com o aproveitamento desses produtos para a geração de bioenergia.

Como exemplo disso, temos as culturas de milho e de cana, em que o bagaço e a palha resultantes dessas lavouras podem ser empregados na produção de etanol. 

Além disso, as fazendas têm a possibilidade de produzir a própria eletricidade a partir do aproveitamento de seus resíduos. 

Dessa forma, a unidade agrícola pode tornar-se autossuficiente, deixando de sofrer eventuais prejuízos por quedas de energia. 

Em alguns casos, é possível até mesmo vender o excedente de bioeletricidade para a companhia elétrica local.

Assim, a bioenergia pode ser vista como uma forma de expansão dos lucros de produtores rurais. 

Desafios da produção de bioenergia

Alguns dos pontos de crítica levantados sobre a produção de bioenergia são:

  • A produção agrícola voltada para a geração de bioenergia poderia concorrer com o cultivo de alimentos.
  • Ocorrência de desmatamento da vegetação natural para expansão da fronteira agrícola. 
  • Emprego de grande quantidade de água, colocando em risco a segurança hídrica.
  • A infraestrutura para a distribuição de biocombustíveis no Brasil é considerada insatisfatória. 
  • A liberação de óxido de enxofre por biocombustíveis pode contribuir para o aumento de chuvas ácidas.

Conclusão

No presente artigo, vimos o conceito de bioenergia e sua importância para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa. 

Apresentamos os principais biocombustíveis produzidos no Brasil e entendemos o funcionamento da Política Nacional de Biocombustíveis, a RenovaBio. 

Além disso, conhecemos dados atuais sobre a bioenergia na matriz energética brasileira, listamos seus desafios e apontamos os benefícios de sua adoção para os produtores rurais.

A adoção da bioenergia nas fazendas pode ser uma boa forma de incrementar os negócios e investir em um segmento que promova a sustentabilidade.

Para ajudá-lo a promover investimentos na sua unidade agrícola, os especialistas da TerraMagna estão à disposição para informar sobre opções de crédito de forma descomplicada.

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