Maos de agricultor segurando graos de soja representando Classificacao de graos

Classificação de grãos: o que é, como fazer e principais tipos

A classificação de grãos determina as qualidades extrínsecas e intrínsecas de um produto vegetal, bem como de seus subprodutos e resíduos de valor econômico.

Para isso, ela segue padrões oficiais do Mapa, ou seja, o produto é identificado em grupo, classe e tipo.

O Brasil está entre os maiores produtores de grãos do mundo, ao lado de China, Estados Unidos e Índia; logo, o processo classificatório é de suma importância para o mercado. 

Afinal, é ele que vai definir se determinado grão vai ou não ser comercializado e para qual finalidade. 

Dessa maneira, é crucial conhecer os pormenores do tema. Por essa razão, nós fizemos este artigo, em que mostraremos a importância da classificação, qual o passo a passo para fazê-la, entre outras informações sobre o assunto!

O que é a classificação de grãos?

A classificação de grãos define a qualidade de um produto mediante análise e comparação da amostra de acordo com padrões oficiais definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

O objetivo é identificar as características extrínsecas e intrínsecas de grãos, a fim de compará-las com os padrões exigidos pelo consumidor. 

Cabe ressaltar que a qualidade dos grãos é um parâmetro essencial para a sua comercialização e seu processamento, podendo inclusive modificar o valor final do produto. 

Legislação sobre a classificação de grãos

A obrigatoriedade de classificar grãos passou a ser válida a partir da Lei no 9.972, de 25 de maio de 2000

Segundo consta na legislação, a “classificação é obrigatória para os produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico:

I – quando destinados diretamente à alimentação humana;

II – nas operações de compra e venda do Poder Público; e

III – nos portos, aeroportos e postos de fronteiras, quando da importação”.

Por que é importante essa classificação?

Quando um produtor vai vender os grãos para cooperativas, cerealistas ou mesmo indústrias, o lote precisa atender a critérios do manual de classificação de grãos do Mapa.

Isso significa que ele precisa se encaixar em pré-requisitos de qualidade; assim, consegue-se um bom processo. Caso não atenda aos critérios, alguns descontos são aplicados sobre o lote. 

Ter uma padronização ajuda em diversos sentidos, como: 

  • estabelecer um preço justo para o produtor;
  • fixar preços mínimos, que ajudam na sua estabilização;
  • operacionalizar o financiamento dos produtos; 
  • reduzir as fraudes nos produtos; 
  • operacionalizar os estoques estáticos das commodities

Quem é responsável por classificar os grãos?

Para classificar os grãos, a pessoa precisa ser autorizada pelo Ministério da Agricultura, por meio de credenciamento específico conforme a legislação.

A autorização pode ser concedida a cooperativas agroindustriais, entidades especializadas, empresas privadas, entre outros.

Especificamente no caso da importação de grãos, a classificação deverá ser conduzida por um engenheiro-agrônomo do Mapa. Para isso, ele pode usar o apoio operacional e laboratorial das entidades credenciadas.

Mas onde fazer o curso de classificação de grãos? Existem diversas instituições que oferecem cursos de classificação de grãos; algumas têm até a modalidade online, para que o profissional possa se aperfeiçoar de qualquer lugar. 

Qual é o salário de um classificador de grãos? Segundo o portal Salários.com.br, o profissional ganha, em média, R$ 1.697,20 no mercado de trabalho brasileiro para uma jornada de trabalho de 44 horas semanais.

Como é feita a classificação de grãos?

A classificação de grãos pelo Mapa deve seguir algumas etapas de acordo com os requisitos estabelecidos pelo órgão. 

Confira a seguir a classificação de grãos passo a passo!

Amostragem

A classificação de grãos sempre deve ser feita no recebimento e/ou expedição do grão; é nesse momento que se avalia o estado da cultura por meio de uma análise de uma amostra que representa o lote. 

Nessa fase, o primeiro passo é pegar amostras de produtos do caminhão, levando em consideração o volume da carga:

  • até 15 toneladas: recolhimento de amostras de 5 pontos diferentes;
  • entre 15 e 30 toneladas: 8 pontos;
  • acima de 30 toneladas: 11 pontos.

A partir da retirada de amostras, deve-se observar atentamente as condições dos grãos. 

Caso haja sementes, partículas tóxicas ou mesmo insetos vivos, é preciso interromper o trabalho para que sejam tomadas as devidas providências.

Homogeneização da amostra

A homogeneização é considerada uma etapa muito importante na classificação de grãos. O procedimento garante a representatividade do lote. 

Logo, a coleta das subamostras e a sua homogeneização precisam ser feitas de maneira criteriosa, pois dela depende a qualidade da amostra para as análises.

Quarteamento da amostra

A tarefa seguinte é o quarteamento da amostra de trabalho, ou seja, processo de redução da amostra a pequenas porções representativas. O ideal é que a separação aconteça da seguinte forma: 

  • soja: mínimo de 125 g;
  • feijão: mínimo de 250 g;
  • milho: mínimo de 250 g.

Análise de impurezas

A análise de impurezas visa descobrir o percentual de impurezas e matérias estranhas, como outras partes da planta, grãos de outras culturas, insetos, terra, etc. 

É usada uma peneira para fazer a separação das impurezas dos grãos, bem como balanças a fim de comparar o peso total da amostra com o peso da matéria estranha.

Para calcular o MEI (Matérias Estranhas e Impurezas), aplique a seguinte fórmula: 

% MEI = peso de MEI (g) x 100 / peso da amostra

Todos os grãos (mesmo os sadios) que vazarem pela peneira também precisam ser classificados como impurezas. 

Por sua vez, os grãos e sementes de outras espécies, torrões de terra, insetos mortos ou corpos estranhos de qualquer natureza precisam ser classificados com matérias estranhas.

Determinação da umidade

Depois de retirar os materiais estranhos e as impurezas, é a hora de determinar a umidade dos grãos. 

Todos os grãos têm uma proporção de água e matéria seca que variam. A umidade é a quantidade de água livre presente na massa de grãos. 

Segundo legislação, a umidade deve ser obrigatoriamente determinada no processo classificatório.

Vale lembrar que existem diferentes métodos que determinam o grau de umidade e inúmeros aparelhos disponíveis no mercado para tal tarefa. Eles devem estar aferidos, nivelados e calibrados pelo Inmetro. 

Definição do grupo e classe

Cada tipo de grão tem um processo e uma definição de qualidade; vale a pena estar atento a isso. 

É preciso ter em mente três aspectos: 

  • Grupo: fala sobre a variedade do produto, segundo o aspecto geral e formato.
  • Classe: mostra as características físicas do grão, como a coloração.
  • Tipo: revela as finalidades para as quais o produto pode ser destinado, seguindo critérios como impurezas, maturidade e outros.

Com esses três enquadramentos, o produto vai ser liberado ou restrito para determinada finalidade: consumo humano in natura, fabricação de alimentos, consumo animal ou apenas insumo industrial

Ainda existe a chance de a mercadoria ser desclassificada, caso o resultado final da análise supere o nível de tolerância. Nesse caso, o produto não pode ser comercializado e o laudo é encaminhado ao Mapa, que decide para onde aquele lote de grãos vai. 

Quer saber como fazer a classificação da soja, milho e feijão? Confira os detalhes a seguir a tabela de classificação de grãos! 

→ Soja:

  • Grupo I: voltado diretamente para o consumo humano.
  • Grupo II: outros usos, como indústria ou exportação.
  • Classe amarela: com presença de até 10% de grãos de outras cores.
  • Classe misturada: com percentual acima de 10% de grãos de outras cores.

→ Milho:

  • Grupo I (duro): com no mínimo 85% de peso em grãos duros.
  • Grupo II (dentado): com no mínimo de 85% de peso de grãos com consistência parcial ou totalmente farinácea ou, ainda, com a coroa apresentando reentrância.
  • Grupo III (semiduro): com no mínimo 85% de peso em grãos com características intermediárias entre duro e dentado.
  • Grupo IV (misturado): a partir do momento que não puder ser classificado nos grupos anteriores.
  • Classe amarela: como no mínimo 95% em peso de grãos amarelo, amarelo pálido ou amarelo alaranjado.
  • Classe branca: com no mínimo de 95% em peso de grãos brancos, marfim ou palha;
  • Classe cores: com no mínimo de 95% em peso de grãos com coloração uniforme, porém difere das classes amarela e branca.
  • Classe misturada: que não se enquadram nas classes anteriores.

→ Feijão: 

  • Grupo I: feijão comum, Phaseolus vulgaris.
  • Grupo II: feijão-caupi, Vigna unguiculata.
  • Classe branco: com no mínimo de 97% de grãos brancos.
  • Classe preto: com no mínimo de 97% de grãos pretos.
  • Classe cores: são permitidos até 10% de outros cultivares do grupo I.
  • Classe misturada: produto que não se enquadra nas classes anteriores.

Produção do laudo de classificação

A qualidade do grão, que é medida durante a classificação, determina qual o processo mais indicado de recepção, limpeza, secagem, armazenagem, expedição e comercialização.

Todas as informações que destacamos ao longo desse processo devem ser anotadas no Laudo de Classificação.

TerraMagna: crédito rural para investir em grãos

Ao longo deste artigo, apresentamos mais sobre a importância da classificação de grãos. 

Tal processo pode ser feito na propriedade, o que permitirá ao produtor fazer o controle de qualidade da safra colhida e negociar a venda desta. 

Independentemente de o processo ser realizado na propriedade ou em um local especializado, é fato que isso vai exigir um investimento, até mesmo para que a safra tenha a melhor qualidade possível e os melhores preços do mercado sejam alcançados. 

Quer obter crédito rural de maneira prática e poder usá-lo em sua propriedade? Conte com a TerraMagna! Nós temos soluções de crédito rural exclusivas para a sua fazenda ou distribuidora de insumos. 

Quer saber mais?

Converse com um de nossos especialistas