Por um momento você associou a resposta para o que é hedge agrícola com as principais ações do agronegócio listadas na Bolsa? Então acertou!
Hoje, as principais ações estão vinculadas às empresas Brasil Agro, Agrogalaxy, Kepler Weber, Raízen, SLC Agrícola, São Martinho, Boa Safra e Três Tentos. Já entre as empresas de alimentos, destacam-se JBS, M. Dias Branco, Camil, Josapar, Marfrig e BRF.
Mas só isso de informação ainda não é o suficiente para entender o seu valor no mercado agro.
Neste artigo, explicaremos como funciona essa operação, daremos dicas de como utilizá-la e, claro, proteger-se contra as oscilações de preços que podem interferir de forma negativa na sua produção agrícola.
Não é novidade, afinal, que o risco do mercado de commodities é grande, e, com a margem pequena da agricultura, as chances de sofrer prejuízos são grandes. Confira a seguir! Boa leitura!
Qual o conceito de hedge e por que fazê-lo?
Hedge, palavra inglesa, significa proteção/cobertura. Desse modo, podemos dizer que se trata de um instrumento utilizado para proteger as operações financeiras contra as oscilações de preço.
Ele reduz o risco de grandes variações de preço de um ativo ou commodity, por exemplo.
Caso você não se lembre, nas últimas cinco décadas, o mundo passou por dois grandes booms de commodities. Preferimos dizer que foram três.
O primeiro ciclo de alta de preços foi logo no início de 1970, com as altas simultâneas dos preços do petróleo e de várias commodities agrícolas e minerais.
O segundo ocorreu entre 2007 e 2012, culminando na combinação de uma demanda crescente e crises de oferta a nível mundial.
Recentemente, devido à pandemia, também houve um movimento ascendente de preços.
Durante esse período, as commodities de origem agropecuária aumentaram, principalmente, o valor da carne e deverão ser analisadas futuramente.
Podemos mencionar, aqui, o aumento dos preços em reais das commodities, que já teve impacto inflacionário em 2020.
A variação acumulada do grupo “alimentação” no IPCA foi de 14% entre janeiro e dezembro de 2020, contra 4,5% do índice geral de preços.
Breve história sobre o que é hedge
O hedge não é uma operação nova no mercado. No século XIX, no mercado de commodities de Chicago, os agricultores e pecuaristas, quando saíam para vender suas mercadorias na cidade, já estavam preocupados com a oscilação de preços.
Foi então que começaram a negociar os preços antes de fechar a venda. Hoje conhecemos esse processo como operação a termo.
Por isso, o hedge integra os instrumentos financeiros chamados de derivativos. Confira a seguir!
Derivativos e hedge agrícola
Uma das principais funções dos derivativos é controlar e gerenciar o risco financeiro, podendo ser usados por pessoas ou instituições.
Como o próprio nome sugere, os derivativos derivam do preço de algum ativo. Isso quer dizer que depende e deriva de um ativo como commodities, taxa de juros, taxa de câmbio da moeda estrangeira, entre outros.
Como já são anos de existência, hoje em dia existem vários tipos de derivativos. Entre alguns exemplos mais comuns estão:
- Mercado a termo (compromisso de comprar ou vender um bem por preço fixado em data futura)
- Mercado futuro
- Opções
- Swaps
Todos podem ou não ser negociados na Bolsa de Valores. Cada um deles, como mencionamos, pode ser aplicado em diversas funções. Uma delas é proteger contra a variação do preço, ou seja, do hedge.
Quais derivativos agropecuários podem ser negociados?
Os principais derivativos agropecuários que podem ser negociados na Bolsa de Valores são:
- Açúcar cristal;
- Boi gordo;
- Café arábica;
- Etanol;
- Milho;
- Soja.
Como funciona uma operação de hedge no agronegócio?
Quando pesquisamos sobre a agricultura e a pecuária brasileira, não é incomum encontrar notícias sobre aumento ou baixa no preço de diversos produtos.
Claro, quem paga por isso são os produtores brasileiros, que, querendo ou não, saem prejudicados.
A verdade é que tal situação é recorrente, principalmente, em um país que produz commodities como soja, milho e café.
Dependendo da oferta e demanda, os preços sofrem diversas variações. Para este ano, há previsão de 91,5% da estimativa da produção de arroz, milho e soja.
Agora, imagine se todos os produtores fossem vender esses grãos ao mesmo tempo?
O preço deles seria baixo, já que a oferta deles seria alta. Certamente, não teriam dinheiro nem para custear a produção.
O ideal é que o agricultor trate sua lavoura como sua empresa mesmo, e, por isso, é preciso lucrar para continuar movimentando o negócio.
Na hora de vender o seu produto (commodity), pratique um preço justo, de acordo com o mercado. Essa, inclusive, é uma das formas de se fazer um hedge.
Lembre-se que essa operação financeira vai proteger suas mercadorias contra as variações/oscilações do preço de venda, e a negociação deve ser feita com antecedência.
Agora, você já sabe o que é hedge! No próximo tópico, explicaremos sua importância para a agricultura.
Como o hedge se aplica na agricultura?
Todo agricultor sabe que do plantio até a colheita da lavoura podem ocorrer diversos contratempos:
- Condições climáticas ruins
- Alta produção em outros países
- Crise política nos países que compram o produto
- Ação de pragas e doenças
- E muito mais!
Além das oscilações no preço das commodities, os fatores acima também podem interferir na produção e no valor de venda. O hedge acaba sendo a maior proteção!
Para dar um exemplo de hedge na agricultura, vamos usar a commodity café. Não serão considerados valores originais; a intenção é apenas ilustrar o tema.
Vamos supor que o agricultor colherá sua safra daqui a um mês e já começou a se preocupar com as variações do preço da saca.
Para minimizar os riscos, ele escolhe realizar o hedge no mercado a termo para garantir o preço e não ter prejuízo com o custo de produção. O valor combinado é R$ 100 a saca de 50 kg.
Passado um mês, no vencimento do contrato, o preço à vista do café é de R$ 120. O produtor vai vendê-lo por R$ 100 e, assim, deixa de ganhar R$ 20, se comparado à venda à vista.
Se, ao contrário, o preço da saca estiver R$ 80 no dia da venda, o produtor ganharia R$ 20. Por ter feito o hedge, ele vende a produção a R$ 100 a saca.
O que você precisa saber antes de fazer a operação
Não dá para falar sobre o que é hedge sem alertá-lo sobre o que precisa ser feito antes de recorrer a essa operação.
Adiantamos que é preciso começar com um bom planejamento sobre sua lavoura e saber com o máximo de exatidão o seu custo de produção.
Desse modo, você estará munido com os dados mais importantes antes de tomar uma decisão de quanto vai custar sua produção agrícola.
Por exemplo, se seu custo de café foi de R$ 50, seu hedge precisa ser desse valor, no mínimo.
Ter um planejamento em mãos ajudará a saber se o preço que está tentando negociar vai cobrir ou não o custo de produção, evitando que saia no prejuízo.
Como funciona uma operação de hedge?
Aqui trouxemos algumas dicas de como realizar e como funciona uma operação de hedge. Se seguir direitinho, as chances de risco são baixas.
- Faça um bom planejamento e custo de produção da lavoura.
- Tenha em mãos um planejamento estratégico: qual quantidade de produção será comercializada (fazer hedge) e qual será armazenada?
- Esteja atento ao preço dos produtos na Bolsa de Valores. Descubra por quanto as commodities estão sendo negociadas e faça uma análise com base no seu custo de produção.
- Defina qual derivativo será utilizado para realizar o hedge. Caso escolha o mercado futuro, por exemplo, é preciso que tenha uma conta na corretora desse mercado para negociar na Bolsa de Valores ou converse com um corretor.
- Ao escolher um corretor ou uma empresa corretora, tenha certeza de que são de confiança.
- Observe todas as opções no mercado de derivativos e tipos de hedge e veja qual é a melhor para a sua propriedade.
O hedge é uma importante ferramenta para se proteger das oscilações de preços das commodities, como você pode ter visto.
Pesquise bastante sobre o assunto e tire todas suas dúvidas antes de bater o martelo.
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