Sabe o que é controle biológico de pragas? Não? Então confira e saiba tudo sobre esse tema, que tem a ver com aumento de produtividade.
A agricultura vem se desenvolvendo bastante nas últimas décadas, mas com o desenvolvimento também surgem os desafios, como o aumento da incidência de pragas e doenças nas lavouras.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), ocorreram perdas anuais de US$ 314 bilhões com pragas e doenças em seis países, incluindo o Brasil.
Diante de um número tão alto, é evidente a necessidade de um trabalho cada vez mais cuidadoso para evitar que o problema se alastre.
Nesse sentido, o controle biológico é uma alternativa sustentável, que reduz o uso de agroquímicos nas lavouras.
Além desse benefício, os custos de sua aplicação também são menores quando comparado com outras opções, o que aumenta a sua importância.
Neste artigo, você vai conhecer mais detalhes sobre a alternativa que promete ajudar no futuro da agricultura e combate a doenças e pragas!
O que é controle biológico de pragas?
O controle biológico de pragas consiste no uso de organismos ou substâncias naturais para prevenção, redução e até mesmo erradicação de pragas e doenças nas culturas.
Essa metodologia nasceu há milhares de anos; só para se ter uma ideia, os chineses, no século III a.C., usavam agentes biológicos no combate a pragas em citros.
No entanto, foi apenas em 1888 que surgiu o primeiro caso de sucesso de controle biológico, mais especificamente na Califórnia.
O estado enfrentava uma infestação de pulgões-brancos-dos-citros. Foi então que os produtores usaram joaninhas da Austrália para controlá-los, dando início, assim, a pesquisas mais consistentes sobre o uso da técnica.
Categorias de produtos de origem biológica
Os produtos biológicos podem ser classificados como:
- Agentes biológicos de controle: usa insetos estéreis e inimigos naturais como os predadores e nematoides.
- Agentes microbiológicos de controle: engloba bactérias, fungos e vírus.
- Bioquímicos: agentes promotores de processos químicos ou biológicos que provocam estímulo e/ou indução de reações na planta, como os extratos de plantas, algas, enzimas e hormônios.
- Semioquímicos: grupo que conta com os feromônios e aleloquímicos, substâncias estimulam respostas comportamentais ou fisiológicas nos organismos receptores (insetos).
Controle biológico de pragas no Brasil
O controle biológico no Brasil tem extrema importância, afinal, o país é um dos maiores produtores agrícolas do mundo.
Da mesma maneira, o país ainda tem uma forte dependência de insumos importantes, principalmente agroquímicos, o que o torna um grande consumidor desses produtos, de acordo com a FAO.
O consumo excessivo de agroquímicos na agricultura traz diversos problemas, por exemplo:
- contaminação dos alimentos;
- intoxicação de agricultores;
- resistência de pragas;
- desequilíbrio biológico, alterando a ciclagem de nutrientes e da matéria orgânica;
- redução da biodiversidade.
Logo, o controle biológico de pragas se torna uma alternativa não só mais interessante, como também importante para controlar os excessos no uso de produtos químicos.
Ao mesmo tempo, são demandados conhecimento e conscientização entre os produtores rurais que o utilizam, afinal, são empregados organismos vivos e, se isso acontece de maneira incorreta, pode haver prejuízos na lavoura.
Outro ponto que precisa ser destacado é que a produção de agentes de biocontrole em larga escala no país ainda precisa evoluir para atender à demanda crescente.
Além disso, é necessária a definição de normas específicas de produção, realizando, para isso, o controle de qualidade e a fiscalização.
Ainda existem poucos programas voltados para os incentivos tributários de pesquisa e produção para o desenvolvimento em larga escala dos produtos biológicos.
Como funciona o controle biológico de pragas?
O controle biológico de pragas pode ser realizado por meio de diferentes agentes biológicos, como já citamos.
A seguir, você vai conhecer melhor algumas especificidades sobre eles; confira!
Predadores
Os predadores são insetos comumente maiores que as pragas, apresentando comportamento predatório em diferentes fases da vida.
Por isso, eles matam as suas presas e as consomem, necessitando de uma grande quantidade de presas para o desenvolvimento até a fase adulta.
A joaninha é uma das representantes desse grupo; ela se alimenta de ovos de mariposas e de pulgões.
Parasitoides
Os parasitoides são organismos vivos que precisam de hospedeiros para completar o seu ciclo de vida.
Os insetos parasitam as pragas, evitando, assim, que elas atinjam na fase reprodutiva, se alimentando do hospedeiro, fazendo-o morrer.
Trichogramma e Cotesia são os parasitoides mais comuns e usados em programas de controle biológico.
Entomopatógenos
Os entomopatógenos são microrganismos como fungos, vírus e bactérias que causam doenças nas pragas, fazendo com que elas sejam eliminadas.
O Beauveria bassiana é um fungo que parasita vários insetos, como os percevejos.
Tipos de controle biológico de pragas
Reforçarmos o quanto é importante utilizar o controle biológico, especialmente em locais como o Brasil, que ainda é bastante dependente de agroquímicos.
Mas você sabia que existem diferentes tipos? Confira a seguir mais informações sobre o controle biológico e exemplos!
Controle biológico natural
O controle biológico natural é feito por inimigos já presentes no ambiente em questão.
O objetivo é controlar as pragas e insetos que são vetores de doenças, mantendo, assim, o equilíbrio da lavoura.
Esse controle é feito preservando os inimigos naturais na área; por isso, é fundamental que o produtor utilize inseticidas e produtos químicos seletivos para esses agentes biológicos, manejando o ambiente e evitando a aplicação de produtos seletivos a eles.
Controle biológico de pragas clássico
O controle biológico clássico tem efeito a longo prazo; por essa razão, é feito especialmente em culturas perenes ou semiperenes.
O objetivo é realizar o manejo de pragas exóticas, liberando, para isso, inimigos naturais, predadores ou parasitoides originários de outros países ou regiões distantes.
Tal controle tem efeito em médio e longo prazo, afinal, os inimigos naturais são liberados aos poucos.
Controle biológico artificial
No controle biológico artificial, os inimigos naturais são criados em laboratórios e em grandes quantidades.
Logo depois, ocorre a sua liberação no local onde há infestação de pragas.
Como a produção deles é grande, as liberações também ocorrem aos montes; desse modo, o controle é realizado mais rapidamente.
Entre os exemplos de controle biológico esse é comercialmente o mais usado, sendo conhecido também por inseticidas biológicos.
Controle biológico de pragas conservativo
No controle biológico conservativo, os objetivos são a preservação e o aumento das populações de inimigos naturais, promovendo o controle de pragas.
Para que os inimigos naturais sejam atraídos, é necessário oferecer alimentos alternativos, como fontes de carboidratos e proteínas, como néctar e pólen, respectivamente.
Mas não só isso; é preciso também criar um ambiente propício de refúgio e proteção aos próprios inimigos naturais.
Benefícios do controle biológico de pragas na agricultura
Os benefícios do controle biológico na agricultura são variados, e quem o adota tem muito a ganhar. Conheça-os melhor a seguir!
Reduzir custos
Ao usar o controle biológico na lavoura, é possível manter o local por mais tempo em equilíbrio, diminuindo a necessidade de outras intervenções, como o uso frequente de fertilizantes, inseticidas, fungicidas e pesticidas.
Consequentemente, há uma redução de gastos com produtos químicos, bem como com os custos operacionais, o que inclui máquinas e até mesmo mão de obra.
Maior facilidade no controle de pragas
Um dos maiores benefícios do uso de agentes biológicos é que eles ajudam a proteger o ambiente de pragas e doenças.
Apesar de exigir uma atenção especial e um trabalho minucioso, o produtor evita a seleção de pragas resistentes, aquelas que não saem nem mesmo com uso de agroquímicos, sem contar que ele tem ideia do momento certo de intervenção.
Sustentabilidade produtiva
Uma produção mais sustentável é possível por meio da ajuda dos agentes biológicos atuando na lavoura.
Afinal, são eliminados os impactos ambientais gerados pelos defensivos químicos.
Com o controle biológico, também é possível preservar a qualidade do solo, da água e reduzir os riscos causados pelos agroquímicos aos alimentos.
Lembrando ainda que a sustentabilidade é um dos pontos de destaque quando se trata do futuro do agronegócio.
Controle biológico de pragas Embrapa
A Embrapa é uma das protagonistas no Brasil quando o assunto é controle biológico, graças às décadas de estudos pelas unidades de pesquisa da instituição.
O controle biológico Embrapa é focado na transferência de conhecimento e em tecnologias para o setor produtivo, a partir da uma rede que reúne organizações de ciência nacionais e internacionais.
A ideia é ampliar o uso de agentes biológicos na agricultura e diminuir a utilização de agrotóxicos sintéticos.
Atualmente, o trabalho da instituição contempla a atuação em frentes como:
- formação profissional no uso de controle biológico e implementação nas culturas;
- desenvolvimento de produtos biológicos;
- incentivo à elaboração de políticas públicas, regulamentação de pesquisas e registro de produtos;
- estímulo à criação de incubadoras que foquem a produção de agentes biológicos;
- entre outros.
Controle biológico de pragas e o futuro na agricultura
A adesão ao controle biológico pelos produtores rurais tende a aumentar nos próximos anos; isso faz com que o agronegócio invista em tecnologia e inovação.
Como destacado ao longo do artigo, vantagens não faltam na aplicação de agentes biológicos, como redução de custos, sanidade das plantas e manutenção da lucratividade do produtor.
Agora que você já sabe mais sobre a importância do controle biológico, que tal desenvolver um trabalho que auxilie os produtores, como a compra de insumos para aplicação na lavoura?
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