Chuva forte sobre plantas de milho verde em campo em dia cinza representando La Ninã

La Niña: tudo o que você precisa saber sobre o fenômeno

Por que entender melhor sobre o La Niña é primordial? Um dos processos mais importantes da agricultura é conseguir se adequar às mudanças, principalmente aquelas relacionadas ao clima. 

Afinal, todas as plantações sofrem com excesso ou falta de chuva, temperatura acima ou abaixo da média, infestação de uma praga ou de outra… 

São muitas as variáveis que podem afetar a cultura e mudar consideravelmente a produtividade final. 

O La Niña é um fenômeno natural e, assim como o El Niño, exige atenção por parte dos produtores. 

Os anos de 2021 e 2022 foram acompanhados por esses efeitos, por isso a importância de conhecê-los melhor.

Entenda com mais detalhes esse acontecimento da natureza, seus efeitos e como se preparar. 

O que é o La Niña?

O La Niña é um fenômeno natural que diminui a temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico Tropical Centro e Tropical Oriental. 

Ocorre de tempos em tempos, com intervalo que varia entre dois e sete anos. Quando acontece, também não tem uma duração específica, podendo durar de nove meses a até mais de um ano. 

Essa diminuição na temperatura leva a diferentes efeitos em todo o mundo, tanto no Ocidente quanto no Oriente, já que o Oceano Pacífico está entre essas duas regiões do planeta. 

Geralmente, o La Niña começa a se desenvolver em um ano, atinge sua intensidade máxima nesse mesmo ano e, no próximo, começa a se dissipar. 

Por isso, é considerado que o fenômeno total demore cerca de dois anos para cessar todos os seus efeitos; o momento de maior atenção é quando está mais intenso. 

As principais consequências desse fenômeno estão relacionadas às chuvas e às mudanças de temperaturas, que, por sua vez, afetam toda a produção agrícola mundial. 

Como atualmente a produção mundial é bastante diversificada, é comum que a baixa produção de uma cultura em um local mais afetado pela La Niña influencie diferentes processos do outro lado do mundo. 

Por isso é importante entender não apenas a La Niña, mas também outros fenômenos naturais ou não que podem afetar a agricultura mundial. 

Características do fenômeno

Durante o La Niña, as águas do Oceano Pacífico Tropical podem esfriar entre 2°C e 4°C. E, por mais que pareça pouco para nós, isso é o suficiente para mudar toda a formação de ventos, chuvas e dissipação de calor. 

A formação do La Niña está relacionada com o movimento dos ventos em todo o planeta. Os ventos alísios são aqueles que sopram tanto a norte quanto a sul, saindo dos trópicos em direção à zona de baixa pressão na linha do Equador (Zona de Convergência Intertropical – ZCIT). 

Quantos esses ventos sopram com uma intensidade maior do que a normal, acabam empurrando a camada superficial de água quente do Pacífico para a direção Oeste (a caminho do Oriente). 

Assim, essa região oeste do oceano fica com uma camada mais profunda de água quente do que o normal, causando um represamento dessa massa mais quente em uma região estreita do oceano. 

Enquanto isso, na região leste, mais próxima da América do Sul, o Pacífico fica com a temperatura diminuída. Além disso, o nível da água também diminui nessas regiões.

Diferenças entre La Niña e El Niño

O La Niña é o oposto do El Niño, e os dois são considerados fases diferentes de um mesmo fenômeno.

Enquanto o primeiro leva ao resfriamento da água do Pacífico perto da América do Sul, o El Niño causa exatamente o contrário. Ele esquenta acima do normal a água superficial do oceano, variando entre 2°C e 4,5°C. 

No caso do El Niño, os ventos alísios sopram com uma intensidade menor e, por isso, não conseguem dissipar a temperatura superficial tão bem. Isso causa o represamento de águas mais quentes na região do Pacífico próximo à América do Sul. 

Geralmente, entre a ocorrência de um ou de outro, acontece a zona neutra, quando nenhum dos fenômenos está ativo e as temperaturas ficam um pouco acima da média. 

Essa zona neutra estava acontecendo até começo de 2020. Agora, em 2021 e 2022, o La Niña já trouxe mudanças e promete trazer ainda outras até o final deste ano. 

Essa alteração da temperatura também tem efeitos em diversas partes do mundo, inclusive o Brasil, assim como as consequências da La Niña. Um dos continentes mais afetados por esse fenômeno é a Oceania, que sofre com grandes secas. 

Quais são os efeitos da La Niña?

Como os oceanos e os ventos são os grandes reguladores da temperatura e da umidade do planeta Terra, é de se esperar que qualquer alteração que aconteça com essas duas variantes afete todo o globo. 

Por isso, os efeitos do La Niña geralmente levam a grandes períodos de secas em alguns locais e excesso de chuva em outros. Ao mesmo tempo, pode-se intensificar o inverno em algumas regiões. 

Na América Latina, por exemplo, é comum que o La Niña produza secas no Chile, na Argentina, no Peru e no Equador. 

Porém, o volume de chuvas aumenta muito no sudeste da Ásia. Nos Estados Unidos, fortes nevascas podem ocorrer pela diminuição da temperatura do mar. 

Como veremos, os principais efeitos do La Niña no Brasil são diversos. Afinal, o país tem dimensões continentais e cada extremo do território sofre com uma consequência diferente. 

Apesar de terem efeitos bastante marcados, é difícil prever com exatidão quais serão eles e, principalmente, determinar quando acontecerão, de modo que cada evento é diferente entre si. O La Niña de 2022 foi considerado moderado. 

O que o La Niña causa no Brasil?

O Brasil é um país bastante afetado tanto pelo El Niño quanto pela La Niña, e os principais efeitos envolvem aumento da quantidade de chuva ou frentes frias mais severas. 

As principais consequências da La Niña no Brasil são:

  • chuvas abundantes acima do normal no norte e leste da Amazônia;
  • chuvas acima da média no centro-norte do Nordeste; 
  • frentes frias que avançam até a região Nordeste, como litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas, diminuindo as temperaturas;
  • frentes frias mais intensas na região Sul;
  • frentes frias mais intensas na região Centro-Oeste;
  • estiagem em praticamente toda a região Sul (de setembro a fevereiro);
  • mudanças de temperaturas bruscas no Sul e Sudeste;
  • na região Sudeste, os efeitos são variados, indo desde chuva muito mais volumosa a períodos de longa estiagem.

Ou seja, os efeitos da La Niña variam muito entre as regiões do país. Por isso, os produtores rurais precisam ter atenção com sua região, a fim de tomar as devidas precauções e diminuir possíveis prejuízos. 

Para se ter uma ideia, em 2021, com o La Niña já em curso, ocorreram inundações no sul da Bahia, causadas por chuvas intensas e volumosas ocasionadas pelo fenômeno. 

Além da questão produtora da região, a maior parte das cidades foi afetada e muitas pessoas ficaram desabrigadas por causa das inundações. 

Assim, os efeitos do La Niña podem levar a problemas sérios, ainda mais para o setor agropecuário, bastante sensível a alterações como temperatura e umidade. 

Como os efeitos do fenômeno influenciam a agricultura?

A agricultura é, sem dúvida, o setor mais afetado por fenômenos como o La Niña e o El Niño. 

Isso porque a produção agrícola, de maneira geral, é bastante sensível à mudança de temperatura, umidade, chuvas, entre outros fatores. 

Assim, ao se “anunciar” a chegada de fenômenos como esses, todos os produtores das regiões afetadas precisam tomar medidas de precaução para conseguirem diminuir seus prejuízos. 

O La Niña atual (2022) começou ainda no final de 2020, e seus efeitos têm previsão de cessar ao final da primavera deste ano. São praticamente dois anos sentindo suas consequências. 

O efeito que mais atrapalha a agricultura não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, é, sem dúvida, a mudança nos regimes de chuvas. 

Chuvas demais podem diminuir a qualidade das culturas, porém a estiagem também leva a perdas de produtividade e, dependendo do nível, até mesmo à perda de safra. 

Por isso, é preciso planejamento, estudo e investimento por parte dos produtores para conseguirem driblar situações como essas. 

Para se ter ideia, no primeiro trimestre de 2022, dados do Governo Federal mostraram que mais de 81 mil produtores já haviam acionado o seguro ou o Programa de Garantia de Atividade Agropecuária. As culturas principais afetadas, nesse registro, foram as de milho e soja

Isso indica que o La Niña já havia trazido prejuízos em sua fase mais intensa. Esse número tende a aumentar, mesmo com a diminuição dos efeitos. 

Como se preparar e evitar prejuízos causados pelo La Niña

Sendo fenômenos naturais, não há nada a ser feito além de preparar a plantação e a propriedade para enfrentar os efeitos da La Niña ou do El Niño.

O primeiro passo é sempre acompanhar as previsões desses fenômenos e começar a se preparar antes de eles chegarem, durante a chamada zona neutra. 

Nesse momento, é possível fazer instalações para garantir a umidade, investir em produtos diferentes e fazer alterações na propriedade a fim de drenar a água. 

Tudo isso depende da região em que a propriedade está e como o La Niña a afeta. Por isso, é importante manter os estudos sobre a região sempre em dia, o que pode ser feito com a ajuda de especialistas. 

O intuito é sempre diminuir ao máximo as chances de prejuízos causados pela precipitação ou falta dela, assim como manter a produção com qualidade. Isso exige também estudo de solo, escolha de sementes e insumos e outros pontos. 

Assim, existe toda uma preparação necessária 一 e ela pode custar caro. 

Porém, perder a safra é um prejuízo ainda maior, por isso a importância de investir na produção para manter a produtividade agrícola.

O crédito agro da TerraMagna pode ajudar você a se preparar para o próximo El Niño e o futuro La Niña durante a fase neutra, que está para chegar no próximo ano. 

Falar com nossos especialistas!