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Agricultor em um trator com um pulverizador aplica calda bordalesa

Calda bordalesa: fungicida poderoso e tradicional na agricultura

Manter a proteção das culturas agrícolas contra doenças e fungos exige o uso de bons produtos, como a calda bordalesa. 

Tal fungicida é um dos mais antigos usados na agricultura e apresenta bons resultados no combate aos problemas que atingem as culturas.

Isso sem contar o fato de que a calda bordalesa é uma boa alternativa para a agricultura orgânica, graças ao sulfato de cobre, que é pouco tóxico, e por melhorar o equilíbrio nutricional das plantas. 

Além disso, é uma grande aliada do produtor rural devido ao seu baixo custo quando comparada a outras opções presentes no mercado. 

Neste artigo, você vai conhecer melhor esse fungicida, desde a sua preparação até os cuidados com a sua aplicação; boa leitura! 

O que é a calda bordalesa? 

A calda bordalesa é um fungicida tradicional na agricultura, tendo surgido no século passado na região de Bourdeaux, na França; é daí que vem o seu nome. 

Ela é composta de sulfato de cobre, cal hidratada ou cal virgem e água.

Sua descoberta aconteceu de uma forma acidental pelas mãos do botânico Pierre Marie Alexis Millardet. Naquela ocasião, o estudioso notou que alguns vinhedos locais não apresentavam problemas causados por fungos. 

Com isso, ele perguntou aos agricultores locais por que aquilo acontecia; foi então que eles revelaram usar a calda, cujo objetivo, contudo, era unicamente amargar o sabor das uvas, a fim de evitar furtos. 

Então, Millardet promoveu pesquisas e publicou, um tempo mais tarde, uma recomendação de fórmula melhorada para combater a doença causada por fungos

Cobre

O cobre é um metal de cor vermelha discretamente amarelada, com um brilho levemente opaco. É um metal macio, maleável e dúctil. 

Ele é um micronutriente essencial às plantas, mas, quando em altos teores, pode inibir a absorção de zinco e vice-versa. Logo, é preciso que ele esteja em equilíbrio no local. 

Os fungicidas à base de cobre foram um dos primeiros a serem usados na agricultura, sendo conhecidos como multissítios, por modificarem processos bioquímicos que ocorrem no patógeno.

O cobre é especialmente importante para a cultura de citros, pois promove a proteção das plantas contra doenças, auxiliando também no metabolismo, na estruturação, no crescimento, na produtividade e na qualidade dos frutos. 

Cal hidratada e cal virgem

A cal hidratada e a cal virgem são ideais para corrigir o pH do solo e recuperar solos ácidos, ajudando-os a se tornarem próprios ao reflorestamento, além de serem importantes micronutrientes. 

Além disso, é fonte de cálcio na produção industrial de fertilizantes agrícolas.

A cal hidratada é obtida a partir da reação do óxido de cálcio com água, enquanto a cal virgem é o óxido de cálcio, obtida pela decomposição térmica de calcário.

Como utilizar a calda bordalesa?

A calda bordalesa pode ser utilizada não só em hortas, mas também em pomares, graças à sua eficácia no controle de uma série de doenças. 

Entre as principais doenças combatidas pelo fungicida, temos a ferrugem, cercosporiose, manchas foliares e outras, sem contar a sua atuação contra insetos, como cochonilhas e pulgões.

Quando a aplicação é feita da maneira correta, a calda bordalesa pode atuar como fertilizante, adicionando enxofre e cálcio à terra. 

O fungicida tem boa atuação em culturas variadas –em frutas cítricas, como já destacamos, bem como também no tomate, no caquizeiro, etc. 

Após aplicada a calda bordalesa sobre as plantas, os coloides, por ação da umidade do ambiente e das plantas (como o orvalho), se desagregam, o que faz com que eles liberem compostos cúpricos (cobre) e carbonatos com composição variada. 

Logo, o fungicida age por meio de carbonatos e compostos de cobre; a umidade presente na superfície da folha libera íons de cobre e outros, fazendo com que haja a germinação de esporos do fungo. 

Como fazer a calda bordalesa?

O preparo da calda bordalesa deve ser feito com cuidado, começando pela escolha do recipiente de preparo, que não pode ser metálico, para não causar reação com o cobre.

O mais indicado é escolher potes de plástico e bem limpos para garantir a melhor produtividade do fungicida. 

Outro ponto importante é ter panos feitos de algodão para poder coar a mistura; tecidos sintéticos não são a melhor opção. 

Além do pote maior em que será preparada a calda, é preciso contar também com outros dois para a realização da mistura de cal e água, bem como de cobre e água. 

Para cada 10 litros de calda bordalesa, você vai precisar de 10 litros de água, 100 gramas de sulfato de cobre e 100 g de cal virgem (caso use a opção de cal hidratada, utilizam-se 180 g).

Vamos considerar a opção com cal virgem aqui; de acordo com a Embrapa, o preparo deve ser feito da seguinte maneira: 

Em um balde de plástico contendo 5 litros de água, realizar a dissolução de 100 gramas de sulfato de cobre. O processo pode ser facilitado com um pouco de água quente.

Uma dica é dar preferência ao sulfato de cobre em forma de cristais moídos, que se dissolvem quase instantaneamente em água, mesmo fria.

Em outro balde, “apagar” as 100 gramas de cal virgem, adicionando aos poucos a água, até formar uma pasta pouco consistente. 

Quando a pasta estiver pronta, continuar colocando água, até completar 5 litros do chamado “leite de cal”. 

Em seguida, despeje os 5 litros da solução de sulfato de cobre no balde com leite de cal, agitando a mistura com auxílio de uma pá de madeira. 

Observe que o azul da solução de cobre vai clareando até a tonalidade do azul celeste.

Nesse momento, é interrompida a aplicação do “leite de cal” para a medição do pH da calda, que deverá ser, preferencialmente, neutro ou levemente alcalino.

A calda bordalesa deve ter esse pH para não queimar as plantas após a sua aplicação. 

Para evitar que isso aconteça, deve-se fazer um teste com um aparelho peagâmetro ou papel indicador; porém, o teste da faca não inoxidável é mais prático, com aplicação de uma gota da mistura sobre a superfície da ferramenta. 

Caso passem três minutos e seja formada uma mancha avermelhada no local da gota, é sinal de que a calda está ácida. 

Nesse caso, é preciso adicionar mais leite de cal, até que a mistura fique neutra. Para isso, repita o processo até não visualizar mais a mancha.

Com a calda bordalesa e pH adequado, coe os 10 litros preparados em um pano ralo de algodão, para evitar entupimento, e insira a mistura no pulverizador.

Uma questão importante é que o equipamento precisa ser capaz de distribuir, de maneira uniforme, as gotas sobre a planta, inclusive na parte inferior das folhas. 

Isso vai fazer com que a calda bordalesa tenha uma boa cobertura e, consequentemente, seja mais eficiente na prevenção de doenças.

Recomendações de usos em diferentes culturas

Mesmo depois de pronta, a calda bordalesa ainda tem a durabilidade de 3 dias, mas, além desse prazo, é preciso saber que cada cultura tem uma demanda, e isso precisa ser levado em consideração. 

Em culturas criadas em estufa, há diferentes recomendações de uso; confira a seguir alguns exemplos: 

  • Tomate: a calda bordalesa pode ser aplicada quando a planta estiver com 4 folhas, auxiliando no controle de requeima, pinta-preta e septoriose.
  • Cebola: atua contra a mancha púrpura; o indicado para aplicação do fungicida é  diluir 3 partes da calda para cada 1 parte de água.
  • Alface: atua contra míldio e podridão de esclerotínia; use uma parte de calda para uma parte de água.
  • Abobrinha: para míldio e outras manchas foliares, dilua uma parte de calda em uma parte de água.

Em pomares, as recomendações são um pouco diferentes; confira alguns exemplos:

Cítricos (laranja, limão e outros): atua contra a verrugose e melanose da laranja doce; depois de uma safra em que a incidência da doença foi grande, realizar 2 pulverizações — a primeira, antes da florada; a segunda, quando 2/3 das pétalas tiverem caído. 

  • Rosáceas (ameixeira, cerejeira, macieira): atua contra a entomosporiose; realizar a pulverização com o fungicida após a poda, até o início da formação dos frutos.
  • Mangueira: combate a antracnose; portanto, pulverizar a primeira vez antes do florescimento, molhando a copa de maneira uniforme. A segunda pulverização deve ser feita durante o florescimento. Fazer outras pulverizações entre 15 a 20 dias, de acordo com as condições do tempo e a intensidade da doença.

Além de seguir as aplicações de acordo com a cultura, é importante ter alguns cuidados para evitar problemas:

  • usar a calda no máximo até o terceiro dia após o seu preparo;
  • não realizar a aplicação de calda bordalesa em concentração forte, especialmente em plantas novas ou em fase de brotação;
  • usar EPI para manipulá-la;
  • não ingerir o que foi pulverizado sem antes lavar bem;
  • fazer pulverizações semanais, quando a umidade do ar estiver alta, o que favorece a disseminação das doenças. Do contrário, fazer pulverizações quinzenais ou mensais.

Calda bordalesa: uma opção simples para o produtor

Um dos principais diferenciais da calda bordalesa é que ela pode ser usada inclusive pela agricultura orgânica, ou seja, não tem restrição de indicação.

Tanto a cal virgem e hidratada quanto o sulfato de cobre são produtos fáceis de encontrar.

Para garantir que seja absorvida corretamente, é preciso seguir as recomendações para cada cultura, tal como apresentamos no artigo. 

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