O Plano ABC significa plano de agricultura de baixo carbono, cujo objetivo é organizar e planejar ações para a adoção de tecnologias de produção mais sustentáveis, respondendo aos compromissos de redução de emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa) no setor agropecuário.
Neste artigo, falaremos mais sobre o Plano ABC, seus objetivos, sua relação com o aquecimento global e a agricultura. Boa leitura!
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ToggleO que é o Plano ABC?
O Plano ABC é a integração de ações dos governos federais, estaduais e municipais, dos setores produtivos e sociedade para uma agricultura de baixo carbono.
Seu nome oficial é Plano Setorial para Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para Consolidação de Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura.
Dito isso, esse programa busca, de forma geral, estabelecer mecanismos e políticas públicas que possibilitem a redução da liberação de carbono nas atividades agrícolas e pecuárias.
Para atingir essa meta, o Plano ABC busca incluir novas tecnologias sustentáveis e modernas no sistema de produção agropecuária, por meio de incentivos ou de políticas públicas.
O projeto teve início em 2010, para ter uma duração de 10 anos. Mas, atualmente, existe a versão Plano ABC+, para ser finalizado em 2030.
Quais são os objetivos do Plano ABC?
O Plano ABC tem como principal objetivo minimizar as emissões de gases do efeito estufa vindas do setor da agricultura e pecuária do país.
Isso porque esses setores podem provocar grandes impactos ambientais, quando utilizam técnicas e práticas que não são pensadas de forma sustentável e acabam agredindo o meio ambiente direta ou indiretamente.
Além da emissão de gases, o setor agro tem a possibilidade de danificar o ecossistema em outros pontos, por exemplo, com o empobrecimento do solo, a poluição da água e a diminuição de matas nativas.
Vale destacar que a extensão do programa, o Plano ABC +, busca efetivamente ampliar os avanços alcançados e melhorar as condições ambientais.
O que é o Plano ABC+?
Em sua nova fase, o Plano ABC+ dispõe de mecanismos para proporcionar o financiamento e as melhorias para o setor agrícola.
Além disso, entre suas estratégias está o monitoramento das medidas já adotadas de forma mais rigorosa, para se certificar da eficiência de tais ações e o cumprimento de seus objetivos.
Para alcançar os mais diferentes produtores, o programa conta com linhas de crédito que facilitam tais práticas.
Falaremos sobre elas no tópico a seguir.
Linhas de crédito do Plano ABC+
As iniciativas de crédito do Plano ABC+ têm como intuito a implementação de soluções sustentáveis para a produção agrícola no país, alinhando lucro e proteção ambiental em uma mesma estratégia.
Conheça abaixo as opções disponíveis e para que são destinadas.
ABC+ Ambiental
Regularizar e adequar as propriedades quanto à legislação ambiental.
ABC+ Bioinsumos
Para fomentar a fixação biológica do nitrogênio e de microrganismos que beneficiam as plantas.
ABC+ Dendê
Para a criação de florestas de dendezeiro, principalmente em áreas degradadas.
ABC+ Florestas
Para incorporar ou melhorar o manejo de florestas comerciais, incluindo as de uso industrial ou a produção de carvão vegetal.
ABC+ Integração
Destinado para viabilizar os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, suas variações e sistemas agroflorestais.
ABC+ Manejo de Resíduos
Para implantar ou melhorar sistemas de manejo de resíduos para a geração de energia e compostagem.
ABC+ Manejo dos Solos
Para usar as práticas conservacionistas a fim de proteger os recursos naturais, corrigir a acidez e a fertilidade do solo.
ABC+ Orgânico
Tem o objetivo de realizar a implantação ou o melhoramento dos sistemas orgânicos da produção agropecuária.
ABC+ Plantio Direto
Destinado para implementar ou melhorar os sistemas de plantio direto chamados na palha.
ABC+ Recuperação
Destinada para a recuperação de áreas de pasto ou que tiveram o plantio degradado.
Quais são os processos tecnológicos do Plano ABC?
Para que o Plano ABC seja implementado de forma efetiva, ele é dividido em 7 processos tecnológicos dos quais 6 são ligados diretamente à tecnologia e 1 à adaptação das mudanças climáticas enfrentadas atualmente.
São eles:
Recuperação de pastagens degradadas
O primeiro processo tecnológico a ser destacado é a recuperação das pastagens degradadas.
Essa etapa é fundamental para evitar prejuízos produtivos à plantação, uma vez que as degradações do solo afetam diretamente a sua qualidade.
Portanto, a recuperação de pastagens degradadas busca evitar a perda da cobertura vegetal e da matéria orgânica do solo.
Integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) e sistemas agroflorestais (SAFs)
Ambas as estratégias ajudam na melhoria do ambiente agrícola de forma geral.
A iLPF está diretamente relacionada à integração da produção agrícola, da silvicultura e da criação do gado em um mesmo ambiente.
Já os SAFs unem as espécies florestais nativas de tais regiões e ajudam na manutenção do solo com as lavouras tradicionais.
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Sistema plantio direto (SPD)
Outro processo tecnológico é o sistema de plantio direto, o SPD. Essa técnica de plantio utiliza materiais orgânicos para semeadura, além de palhas de safras.
Desse modo, o solo recebe o cuidado necessário ao mesmo tempo que a linha de semeadura é aplicada.
Fixação biológica do nitrogênio (FBN)
Esse processo tem sido feito com a técnica de introduzir as sementes que possuam as bactérias que deixam o nitrogênio da atmosfera entrar no solo.
Florestas plantadas
As florestas plantadas são feitas para garantir o equilíbrio ambiental da região. Dessa forma, elas são produzidas com o plantio de espécies nativas e exóticas que buscam auxiliar a captura de CO2 (dióxido de carbono) na região.
Tratamento de dejetos animais
Os dejetos de animais podem ser usados como adubo orgânico, mantendo a qualidade da produção e evitando o uso de insumos tóxicos.
Dessa maneira, além de manter a produção orgânica, é feita a diminuição da emissão de metano na atmosfera.
Adaptação às mudanças climáticas
A última ferramenta e processo utilizado não faz referência ao uso de tecnologias, mas à capacidade de adaptação do agricultor e da cultura agrícola.
Dessa forma, se busca criar sistemas diversificados e promover o uso sustentável de recursos hídricos e da biodiversidade.
Qual é a relação do Plano ABC com o aquecimento global e como atingir tais metas?
Atualmente, sabemos que o aquecimento global precisa ter atenção de diferentes setores econômicos. E a agricultura é um dos principais no país, assim como a indústria.
Tais práticas ajudam a manter a lucratividade ao mesmo passo que mantêm a sustentabilidade ambiental preservada, considerando o futuro do planeta e a qualidade de vida.
Para atingir as metas estabelecidas, o próprio Governo Federal modificou algumas metas da COP-15, como forma de atingir o objetivo do Plano ABC.
Por exemplo:
- recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas por meio de melhor manejo e adubação;
- ampliação da adoção de sistemas iLPF e SAFs em 4 milhões de hectares;
- melhoramento da utilização de SPD em 8 milhões de hectares;
- ampliação da FBN em 5,5 milhões de hectares;
- promoção do reflorestamento passando a 8 milhões de hectares;
- fomentar o uso da tecnologia na agricultura para tratar de 4,4 milhões de metros cúbicos de dejetos de animais para produzir compostos orgânicos e gerar energia.
Contudo, para que essas metas sejam atingidas, é importante uma colaboração efetiva do poder público com a iniciativa privada na implementação das tecnologias e de tais manejos.
O que é o efeito do aquecimento global?
Embora seja muito falado, o aquecimento global não é tão compreendido assim. Esse é um fenômeno provocado pela emissão de gases na atmosfera que causam o efeito estufa.
Ou seja, algumas ações humanas podem provocar a liberação de gases que são nocivos à qualidade do ar e, consequentemente, à qualidade de vida no planeta.
De forma simplificada: a atmosfera tem diferentes camadas, responsáveis por impedir que os raios solares absorvidos pela Terra retornem ao espaço durante o dia.
Com isso, o calor é aprisionado, mantendo uma temperatura média no planeta e contribuindo para o equilíbrio da vida.
Mas, com a alta emissão desses gases, a atmosfera não consegue absorver de maneira adequada, aprisionando mais calor na superfície terrestre e aumentando a temperatura média do planeta.
Esse processo afeta de forma problemática o meio ambiente e a qualidade de vida dos seres humanos, animais e até mesmo das plantas.
Todo esse processo teve início com a Revolução Industrial, quando o carvão e o petróleo se tornaram grande fonte para geração de energia, intensificando a emissão de tais gases na atmosfera.
Os principais gases emitidos são dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).
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Qual é a relação entre agricultura e o Plano ABC no que tange ao aquecimento global?
Não são apenas as indústrias que afetam a emissão de gases; o uso do solo por setores como a agricultura e a pecuária também tem grande impacto nesse processo.
Isso porque o desmatamento é fonte da emissão desses gases, uma vez que o processo de fotossíntese realizado pelas plantas ajuda na regulação do clima; quanto menos matas nativas e mais pastos e culturas, menos ocorre esse processo de manutenção climática.
Nesse processo de derrubada de árvores, ocorre ainda a liberação de CO2, aumentando o impacto dos gases na atmosfera e a quantidade liberada no ar.
Ou seja, o setor agrícola tem grande responsabilidade na redução desses impactos, e o Plano ABC vem justamente para implementar práticas possíveis de tornar as metas estabelecidas reais e atingíveis por pequenos, médios e grandes produtores.
Além das iniciativas citadas aqui do Plano ABC, também podemos citar o CBIO, sobre o qual você pode ler mais em um artigo feito por nós; clique aqui.
Conclusão
Como você viu, o Plano ABC e suas metas são necessários para a manutenção do planeta Terra, emitindo menor quantidade de gases que causam o efeito estufa e aquecimento global.
É dever de quem atua no setor agropecuário do país adotar essas iniciativas e contribuir para um futuro mais verde e sustentável.