Folhas verdes com nervuras roxas no centro Amaranthus tricolor conhecida como Caruru de Mancha.

Caruru: conheça essa daninha que tem preocupado agricultores

Capaz de destruir safras, o caruru tem crescimento agressivo, compete com as culturas por água, luz e nutrientes… parece que estamos falando de um vilão; e estamos. 

Todas essas características são da espécie caruru, uma planta daninha que, sem nem pensar duas vezes, pode acabar com um plantação em pouquíssimo tempo. 

Preocupante, né? Imaginamos que neste momento você deve estar pensando: como evitar que essa espécie chegue até as minhas plantações? Neste artigo, trouxemos essa resposta e várias outras. Confira!

O que é o caruru?

O caruru é uma planta daninha — isso significa que ela é uma invasora das plantações e pode ser muito prejudicial às culturas. 

O caruru pertence ao gênero Amaranthus; existem cerca de 6 tipos brasileiros de caruru que aparecem com frequência nas lavouras:

  • Caruru-roxo: Amaranthus hybridus var. paniculatus;
  • Caruru-branco: A. hybridus var. patulus;
  • Caruru-gigante: A. retroflexus;
  • Caruru-rasteiro: A. deflexus;
  • Caruru-de-mancha: A. viridis; 
  • Caruru-de-espinho: A. spinosus.

A presença do caruru no milho e na soja pode reduzir a produtividade dessas culturas em até 80%. Além disso, ela pode inviabilizar a colheita mecânica!

O primeiro relato da ocorrência dessa planta no Brasil foi em 2015, no Mato Grosso, e a espécie de caruru que apareceu foi a Amaranthus palmeri

Ou seja, por aqui, ela é recente; contudo, em outros países, a história é diferente…

Ela tem um histórico de muita ocorrência nos Estados Unidos e na Argentina; por lá, a espécie é conhecida por sua resistência a herbicidas

Nesses países, a situação é tão crítica que a presença do caruru é critério de desvalorização das terras. 

Isso porque ele eleva os custos de manejo e reduz significativamente a produtividade.


Principais características do caruru

Algumas das características que citamos acima devem ter te assustado, pois se trata de um inimigo forte e difícil de manejar!

E as características não param por aí; essa é uma espécie de daninha dioica, ou seja, parte dela tem apenas flores femininas e outra parte, apenas flores masculinas. 

É considerada muito agressiva porque compete com o ciclo de desenvolvimento de outras culturas — tanto que ela pode causar uma redução na produtividade do milho superior a 91%, 79% na soja e 77% no algodão, segundo estudo da Embrapa

Ao se hospedar no mesmo ambiente que outras plantas, ele começa a competir por água, luz e nutrientes, o que acaba enfraquecendo a vegetação ao redor. 

O crescimento acelerado do caruru é um ponto que chama a atenção, já que ele pode crescer até 4 centímetros por dia

O caruru é uma planta anual, e seu ciclo vegetativo é curto, de 60 a 70 dias. Quanto à sua propagação, é feita por sementes, que são muito abundantes na planta.

Além de todos esses pontos preocupantes, essa daninha pode servir como ponte para pragas e doenças que atacam e incidem sobre as culturas. 

Danos dessa planta à lavoura

De acordo com registros do Indea/MT, o Brasil conta com uma área de cerca de 12 mil hectares infestada com caruru-palmeri, quantidade essa que não se alterou muito desde que os primeiros registros foram feitos. 

Esse número mostra que, embora seja uma espécie destrutiva, ela está sob controle. Mesmo nessas condições, não deixa de ser um ponto de atenção.

Segundo um especialista da Universidade de Passo Fundo, o caruru é um problema importante na agricultura porque dissemina suas sementes facilmente.

Segundo Cortés (2015), uma planta de Amaranthus hibridus pode produzir até 200 mil sementes. 

Já o Amaranthus palmeri (caruru-gigante) pode produzir até mais de 1 milhão de sementes por planta.

Essas sementes são facilmente disseminadas por colhedoras, implementos agrícolas, sementes contaminadas, pássaros e bovinos.

Além dos danos às lavouras, o caruru é responsável por uma série de impactos negativos na economia, por causar aumento dos custos de controle e das possíveis perdas de produtividade vindas da matocompetição.

Como identificar essa daninha nas safras?

A identificação acontece analisando um conjunto de detalhes, como inflorescência da planta, aparência das folhas, etc. 

Você vai saber se é o caruru se vir uma planta com os seguintes pontos na safra:

Inflorescência 

Como mencionamos, ela tem flores femininas e masculinas em plantas separadas. 

As plantas fêmeas tem brácteas, que envolvem as flores, e parecem ser mais espinhosas. As masculinas são mais uniformes, sem o aspecto de espinhos

Folhagem

O caruru pode ter as folhas no formato de lâminas, ovadas ou rômbico-ovadas — essa característica vai depender de qual tipo de caruru atacou a plantação.

Outro ponto é que alguns carurus podem ter uma folha com marca-d’água branca em formato de V. 

As folhas costumam ter algum desses formatos; ademais, a presença de um pequeno pelo na ponta das folhas é uma característica dessa daninha.

Raiz e caule

Quanto à raiz do caruru, costuma ser funda e os caules, grossos. Isso não é uma regra, mas é uma característica bem recorrente. 

Pode variar porque a raiz e o caule dependem de fatores externos, como época de germinação, temperatura, chuva, etc.

No Brasil, algumas plantas, mesmo após serem capinadas em períodos chuvosos, conseguem criar novas raízes e continuam produzindo sementes

Já nos Estados Unidos, há casos de plantas com tamanhos equivalentes ou superiores às plantas de milho

Assim, além da matocompetição, o caule e as raízes passam a ser um problema também da colheita, prejudicando a automotriz. 

Padrão de crescimento

O padrão de crescimento do caruru é semelhante ao de uma roseta, quando se olha de cima para baixo. 

O formato e o arranjo das folhas, além do comprimento dos pecíolos, auxiliam na captação de luz.

Características específicas de cada caruru

Acima, citamos as características gerais dos carurus; caso você queira se aprofundar mais para identificar qual espécie está atacando as safras, aqui está:

  • Caruru-roxo: tem como característica a coloração roxa no caule e tem inflorescência roxa.
  • Caruru-branco: tem inflorescência de coloração esverdeada.
  • Caruru-gigante: coloração avermelhada das raízes e na base do caule, apresenta caule grosso e anguloso, e mede até 1,8 m de altura.
  • Caruru-rasteiro: tem porte mais prostrado, não ultrapassa 40 cm de altura; é encontrada em pomares, pois prefere áreas úmidas, férteis e tolera o sombreamento.
  • Caruru-de-mancha: apresenta, no centro da lâmina foliar, uma mancha de coloração violácea.
  • Caruru-palmeri: é o de maior altura, podendo atingir 2 metros, e sua inflorescência pode medir até 60 cm. As folhas são menores ou iguais em tamanho dos pecíolos.

Essas são algumas características marcantes entre as espécies de caruru.

Agora, precisamos explicar um dos pontos mais importantes: por que ela é de difícil controle e como combatê-la!

Por que essa espécie é de difícil controle?

As espécies de caruru ocorrem em diversas regiões brasileiras e se espalham cada vez mais devido à sua alta taxa de reprodução.

Visto que elas têm adaptabilidade climática e resistência aos herbicidas, é um grande desafio controlá-las.

Além disso, essas plantas daninhas são do tipo C4, que têm o mecanismo fotossintético mais vantajoso em relação às C3, como é o da soja. 

Isso possibilita uma facilidade de adaptação em ambientes quentes e úmidos, o que faz com que essas daninhas se desenvolvam melhor.

Desse modo, essas daninhas, além de competirem por fatores essenciais (luz, espaço, nutrientes e água), ainda conseguem converter com maior eficiência esses recursos.

Quanto às populações de caruru resistentes a herbicidas, algumas são resistentes a seis diferentes mecanismos de ação inibidores:

  • acetolactato-sintase (ALS);  
  • protoporfirinogênio-oxidase (PPO);  
  • biossíntese de carotenoides (HPPD);  
  • fotossistema II (PSII);
  • formação de microtúbulos;  
  • EPSPs.  

Não são resistentes apenas aos herbicidas, mas também apresentam resistência cruzada.

No caso, é quando resiste a dois ou mais herbicidas de um mesmo mecanismo de ação. 

Há, ainda, a possibilidade de resistência múltipla, quando é resistente a dois ou mais herbicidas de diferentes mecanismos de ação.  

No Brasil, sabemos que populações de Caruru amaranthus resistem ao glifosato devido à seleção ocorrida no país de origem.  

Como manejar o caruru?

Apesar dos desafios no manejo, existem várias práticas que permitem o combate e o controle do caruru. São elas:

Rotação de culturas

A rotação de culturas ajuda na rotação de mecanismos de ação dos herbicidas. Isso pode prevenir o aparecimento da daninha e também manejar os biótipos resistentes.  

Revolvimento do solo

Alguns carurus têm sementes pequenas, o que contribui para o maior índice de emergência na camada superficial do solo. 

O revolvimento do solo via aração e gradagem ajuda na redução e disseminação das sementes. 

Plantas de cobertura

Apostar em plantas de cobertura ajuda na supressão da emergência da daninha em questão, visto que cria um ambiente difícil para sua germinação. 

Controle químico

Essa prática é eficiente, mas exige cuidado na escolha e na aplicação do herbicida — como mencionamos, alguns herbicidas não funcionam para certas espécies. 

Os herbicidas pré-emergentes ajudam a reduzir a densidade e controlar o crescimento; entre os pré-emergentes, destacam-se o glufosinato de amônio e o 2,4 D. 

Já os pós-emergentes ajudam a controlar de forma consistente plantas pequenas e não ocasionam sintomas de intoxicação nas culturas tolerantes.

Lembre-se de que, antes de sair aplicando herbicidas contra a daninha caruru, é preciso garantir sua identificação, evitando o uso errôneo de substâncias em sua plantação. 

Após a identificação, é essencial também realizar um monitoramento eficiente da daninha.

Evite que o caruru chegue até sua safra!

O caruru é o inimigo que ninguém quer ter nas plantações, pois sua presença pode ser devastadora. Nossa dica é: fique atento e faça vistorias frequentes!

Mesmo com todo o cuidado do mundo, essa praga pode surgir. Assim, também busque por insumos que te ajudarão caso ele surja.

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