O agricultor precisa acompanhar a CTC do solo para poder iniciar o planejamento do plantio em suas terras e, assim, evitar prejuízos financeiros e de produtividade.
O solo apresenta cargas elétricas, que são propriedades de partículas elementares e compõem um átomo. Desse modo, a carga do próton é positiva e a do elétron é negativa.
As reações entre essas cargas podem alterar o aspecto nutricional do solo. Podemos observar a retenção de nutrientes através da passagem de líquidos contaminados ou ricos em matéria orgânica em um solo.
Também são observadas, através da CTC do solo, a retenção de água e a relação com a estruturação e a consistência do solo.
Neste artigo, abordaremos a importância e o conceito da CTC do solo, especificando os tipos e as características de cada uma delas. Leia a seguir e confira.
O que é a CTC de um solo?
A sigla CTC do solo significa capacidade de troca dos cátions (átomo com carga positiva), que normalmente são formados através de metais alcalinos e metais
alcalino-terrosos da tabela periódica. Esses elementos possuem carga positiva.
Com a CTC do solo, o agricultor consegue verificar o poder que o solo tem de facilitar a retenção dos nutrientes. Assim, é possível otimizar a utilização de adubos e fertilizantes na plantação. Os tipos de CTC do solo são:
CTC do solo permanente
Esse tipo de CTC não varia com o pH, sendo resultado da troca de elementos na partícula de solo, mais conhecida como substituição isomórfica.
Um exemplo são os solos com argilominerais, que trocam o alumínio nos octaedros por ferro e magnésio ou até mesmo silício por alumínio nos tetraedros.
CTC do solo variável
Chama-se CTC variável pelo fato de que os números das cargas elétricas aumentam ou diminuem em função do pH do solo. Geralmente, esse tipo de CTC é mais comum em solos tropicais.
A análise de solo é feita por amostras do solo, extraídas por meio de um trado tipo sonda; normalmente, são realizadas perfurações no solo de 0-20 cm para uma amostra.
É preciso repetir o processo em locais alternados com espaços iguais em uma mesma gleba. Depois da coleta, as amostras são levadas para análise laboratorial.
Qual é a CTC ideal para o solo?
A CTC do solo ideal pode variar, dependendo da sua condição e necessidade. O que sabemos é que, quanto maior é a CTC do solo, maior é a capacidade de retenção dos nutrientes; são eles:
- K+ (potássio);
- Ca2+ (cálcio);
- Mg2+ (magnésio).
Também é possível observar que, se a CTC do solo for alta e não houver um controle adequado do pH e da proporção de matéria orgânica, haverá uma grande possibilidade de o solo reter elementos tóxicos. Um exemplo é:
- Al3+ (aluminium).
Os parâmetros para decifrar a CTC do solo em uma análise são:
- Baixa: < 50 mmolc dm-3;
- Média: 50 – 100 mmolc dm-3;
- Alta: > 100 mmolc dm-3.
O que é a CTC do solo e qual é sua importância?
A troca de cátions com a solução encontrada no solo afeta a retenção dos nutrientes nas plantas. Por isso, é necessário que o produtor identifique o nível de fertilidade do seu solo.
Assim, se o CTC do solo for alto, sua fertilidade será maior. Neste tópico, abordaremos qual a sua importância e como aumentar a CTC do solo. Continue lendo.
Quando a CTC do solo é baixa, é preciso manipular o solo por meio da calagem, que é um procedimento feito na preparação do solo para o plantio, com a adição de materiais de calcário para neutralizar a acidez.
Esse processo mantém o pH do solo nos níveis adequados. Outro procedimento é manipular o aumento de matéria orgânica, proporcionando, assim, as duas técnicas mais importantes para aumentá-la.
Como funciona a CTC?
A CTC do solo mede a retenção de nutrientes por meio do controle da carga negativa no solo, os ânions. Eles têm carga negativa e recebem um ou mais elétrons, resultando num maior número de elétrons em relação ao número de prótons.
A atração acontece pela lei de Coulomb, segundo a qual a força entre duas cargas elétricas iguais se repelem e a força entre duas cargas opostas se atraem.
Com base nisso, podemos considerar que a CTC do solo calcula o volume de carga negativa presente no solo e mensura a quantidade de carga positiva (cátion) atraída.
CTC do solo: como calcular
Cada solo tem suas especificações, por isso existem vários tipos distintos de cálculo de CTC. São eles:
CTC efetiva = SB + AI
É a soma de bases (SB), como magnésio, cálcio, potássio e sódio, com o alumínio. Geralmente, é utilizada para calcular a retenção de cátions e descobrir se o solo é ácrico ou não ácrico. Identifica se o solo tem baixa CTC efetiva ou média-alta CTC efetiva.
CTC A pH 7
É a soma de bases (SB), como magnésio, cálcio, potássio e sódio, com o alumínio e o hidrogênio no pH 7. Esse cálculo é utilizado para medir a quantidade de calcário no solo.
CTC do solo Embrapa
A Embrapa fornece um PDF com detalhes sobre nutrientes, troca de cátions, reações e correção do solo.
Segundo a pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), é necessário aumentar o rendimento dos alimentos com a produção mundial.
Para isso, é preciso que parte da produção seja feita em terras já cultivadas, principalmente em região tropical. Após o cultivo, geralmente a fertilidade do solo diminui.
Como a expansão agrícola depende também da produção em solos antigos, que normalmente são pobres de nutrientes, é importante conhecer o solo tanto no aspecto químico quanto no físico.
Com o controle da CTC do solo, é possível aumentar a fertilidade desses solos pobres em nutrientes e especificar que fertilizante ou corretivo será mais adequado para recuperá-lo.
Função da calagem e da gessagem
Na calagem, quando aplicamos o calcário, existe uma migração de cálcio menor na profundidade. Isso acontece porque os produtos limitam a camada superficial, o que se torna um problema para o plantio direto, pois o solo fica ácido na superfície.
O problema pode ser resolvido por um condicionador de solo, conhecido também como gesso agrícola. Ele é composto de sulfato de cálcio, que, apesar de não alterar o pH do solo, promove a migração de cálcio e sulfato em profundidade.
Dessa forma, aumenta o teor de cálcio na profundidade e causa a diminuição da saturação para o alumínio, diminuindo o efeito fitotóxico do alumínio nas plantas e proporcionando um maior crescimento.
Calagem e gessagem: diferenças
Neste tópico, trouxemos as principais diferenças entre a calagem e a gessagem; se você ainda tem dúvidas sobre o assunto, continue lendo.
Os dois têm funções diferentes, sendo elas:
Calagem
- o calcário corrige a acidez do solo;
- aumento do pH;
- trabalha nas camadas mais superficiais do solo, de 0 a 20 cm;
- o calcário possui baixa mobilidade no solo.
Gessagem
- trabalha nas camadas subsuperficiais, de 20 a 40 cm;
- o gesso possui alta mobilidade no solo;
- neutraliza o alumínio em profundidade.
Vale ressaltar que um não substitui o outro; a calagem necessita de incorporação no solo e deve ser feita de dois a três meses antes do plantio. Assim, no início da plantação, o pH já deve estar elevado e a saturação por base, aumentada.
A gessagem, por sua vez, reage melhor quando a camada superficial já foi corrigida. Geralmente, a sua aplicação acontece de uma a duas semanas antes do plantio, sendo comum em plantações de cana-de-açúcar.
Não há a necessidade de incorporação do gesso agrícola no solo, podendo ser aplicado na área total distribuída, o que diminui o custo para o produtor. Dessa forma, obtém-se uma boa correção superficial, melhorando a passagem do gesso para correção subsuperficial do solo, criando um ambiente radicular favorável para adubação e crescimento da planta.
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