Os desfolhantes são substâncias químicas que induzem a queda prematura das folhas ao entrarem em contato direto com as plantas.
Esses produtos foram utilizados historicamente como arma química. Para conhecer o uso dessas substâncias na agricultura, continue a leitura do artigo!
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ToggleO que são desfolhantes químicos?
Os desfolhantes são utilizados com o objetivo de facilitar a colheita em culturas como a do feijão, da batata e do algodão.
Segundo a Embrapa, essas substâncias provocam a desfolha artificial da planta ao induzirem a formação prematura da zona de abscisão nos pecíolos das folhas.
A abscisão é o processo pelo qual a planta perde parte de suas estruturas. Os desfolhantes induzem esse processo ao interferirem no balanço hormonal das plantas.
Isso ocorre por meio da redução da síntese de auxinas e do aumento da produção de etileno, hormônio encarregado pela formação da camada de abscisão.
Alguns dos fatores que influem na eficiência desses produtos são: época de semeadura, população de plantas, fase de desenvolvimento, condições climáticas, dose e forma de aplicação.
Como os maturadores se diferenciam dos desfolhantes?
A finalidade da aplicação de maturadores é acelerar o processo de maturação e abertura dos frutos.
Tais substâncias podem acarretar algum nível de queda de folhas; no entanto, esse não é o objetivo principal do produto.
Segundo a Embrapa, no caso de vegetais com número elevado de folhas, será necessária a aplicação prévia de um desfolhante para que o maturador possa entrar em contato direto com os frutos.
Um produto utilizado como maturador de algodão é o Ethephon + Cyclanilide, que antecipa a abertura das maçãs do algodoeiro e causa a queda de suas folhas.
Outro exemplo de cultura em que são usados produtos como maturadores de ramos e indutores de florescimento é o cultivo de manga.
Qual é a diferença entre desfolhantes e dessecantes?
Os dessecantes são substâncias químicas que provocam a perda de água na folhagem das plantas, tornando-as secas.
Com a aplicação de dessecantes, não há a formação da zona de abscisão e, por consequência, as folhas permanecem presas à planta.
Dessa forma, o produto colhido possui um grau elevado de impurezas, o que causa um aumento no custo do processo de beneficiamento.
Segundo a Embrapa, muitos técnicos desaconselham o uso de dessecantes na desfolha do algodão por tornarem suas estruturas quebradiças, reduzindo a qualidade da fibra.
O passado e sua aplicação na agricultura hoje
A mistura de dois herbicidas deu origem ao agente laranja: o 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) e o 2,4,5-T (ácido triclorofenoxiacético).
O agente laranja foi utilizado na Guerra do Vietnã com o objetivo de desfolhar as florestas do país e produziu uma dioxina tóxica conhecida como TCDD.
A dioxina é responsável por causar defeitos congênitos, problemas de pele, doenças do sistema imune e câncer.
Segundo o Boletim 07 do Centro de Estudos em Toxicologia da Universidade Federal do Ceará, o 2,4-D é um dos herbicidas mais utilizados no mundo e não há nenhuma evidência de sua toxicidade na reprodução humana.
Já o 2,4,5-T foi retirado de uso, uma vez que a dioxina é gerada através da reação de duas das moléculas desse herbicida durante sua síntese.
Especialistas argumentam que o 2,4-D é erroneamente associado ao agente laranja.
Tais profissionais afirmam que a substância faz parte da base das dessecações de áreas de plantio direto de grãos no Brasil, sendo utilizada em associação com o glyphosate.
Além disso, a mistura de 2,4-D e glyphosate é utilizada no combate a plantas daninhas como corda-de-viola, buva e trapoeraba.
Alega-se que não existem evidências de que o 2,4-D possua efeitos carcinogênicos ou teratogênicos e que a substância não é capaz de contaminar lençóis freáticos.
O uso de desfolhantes na cultura do algodoeiro
O uso de desfolhantes e maturadores no algodoeiro é uma prática necessária para a adequada realização da colheita. Continue a leitura para entender sua importância.
Qual é o motivo da aplicação de desfolhantes na lavoura de algodão?
O algodoeiro é uma planta perene, que possui hábito de crescimento indeterminado.
De acordo com a Embrapa, o algodoeiro, mesmo após produzir, continua emitindo estruturas reprodutivas, como botões, flores, frutos e capulhos.
Tais estruturas não são aproveitadas como parte da produção econômica da lavoura.
Elas dificultam a colheita mecânica ou manual, prejudicam a qualidade e a produtividade da fibra e podem causar danos às máquinas empregadas na colheita.
Além disso, servem de alimento, abrigo e local de oviposição para pragas como a
lagarta-rosada e o bicudo-do-algodoeiro.
A aplicação de substâncias com ação desfolhante ou que provoquem a aceleração da maturação do algodão é estratégica para a realização do manejo integrado de pragas.
O uso de desfolhantes e maturadores permite a obtenção de um produto com um nível menor de impurezas, o que reduz os custos empregados com o beneficiamento do algodão.
Qual fase do algodoeiro é mais propícia para aplicação de desfolhantes?
Quando 70% a 80% dos frutos (capulhos) estiverem abertos, tem-se o momento mais propício para a aplicação de desfolhantes. O algodão submetido à desfolha precoce pode ter a qualidade de sua fibra reduzida.
Segundo a Circular Técnica 95 da Embrapa, a aplicação de desfolhantes com menos de 60% dos frutos abertos provoca a redução expressiva da produtividade da cultura.
Outro critério recomendado pela publicação é a presença de quatro a seis maçãs fisiologicamente maduras acima do último capulho.
Não é recomendável realizar a desfolha em plantas sob estresse hídrico, uma vez que, neste caso, o processo não será eficiente.
O início da manhã ou final da tarde são considerados horários favoráveis para a realização da aplicação, somados à presença de ventos brandos e umidade do ar elevada.
Espera-se que a desfolha ocorra entre sete e quinze dias após a aplicação do desfolhante, dependendo das condições climáticas do local.
A colheita deve ser realizada imediatamente após a desfolha da planta a fim de evitar que os capulhos fiquem expostos a elementos como chuva, poeira e insetos.
Outra recomendação da Embrapa é a aplicação escalonada de desfolhantes no caso de grandes áreas. Deve-se observar o número de máquinas e a capacidade de colheita.
Quais são as condições climáticas adequadas para a aplicação de desfolhantes na cultura do algodoeiro?
Segundo a Circular Técnica 78 da Embrapa, os desfolhantes tornam-se mais ativos conforme a intensidade da luz, umidade relativa do ar e temperatura são mais elevadas.
A faixa ótima de temperatura para aplicação situa-se entre 22ºC e 30ºC.
Segundo a publicação, as condições necessárias para obter resultados mais eficazes são: claridade, baixa nebulosidade e um período mínimo de seis horas sem chuvas.
Vantagens do uso de desfolhantes na cultura do algodoeiro
De acordo com a Circular Técnica 78 da Embrapa, podemos citar os seguintes benefícios do uso de desfolhantes na cultura do algodão:
- Facilitar a colheita mecânica e manual, tornando-a mais rápida e eficiente.
- Prevenção do processo de apodrecimento das maçãs do algodoeiro.
- A abertura e a secagem do capulho ocorrem de forma mais rápida, o que permite a antecipação da colheita.
- Diminuição da presença de impurezas que reduzem a qualidade da fibra do algodão.
- Redução de fontes de alimentação de pragas que atacam a cultura do algodoeiro.
- Melhora da classificação da fibra do algodão, pois a realização da desfolha reduz sua umidade, amarelecimento e incidência de manchas.
Veja também: Algodão: o caminho certo para sua lavoura obter bom resultado
Exemplos de produtos utilizados
Dois exemplos de produtos utilizados como desfolhantes são o thidiazuron e o etefom, conforme Circular Técnica 95 da Embrapa.
O thidiazuron provoca a redução da concentração e do transporte do ácido indolacético, que atua como inibidor do processo de abscisão.
Isso provoca um aumento da produção de etileno e uma diminuição da concentração de auxina, contribuindo para a formação da camada de abscisão, gerando a desfolha.
Já o etefom é uma substância capaz de induzir o aumento da liberação de etileno, o que provoca a inibição da síntese e da movimentação de auxinas.
Esse produto é responsável por causar a aceleração do processo de maturação de frutos, bem como por suscitar a desfolha da planta.
Conclusão para uma colheita mais eficiente
No presente artigo, vimos o que são desfolhantes químicos e como esses produtos diferenciam-se de maturadores e dessecantes.
Examinamos a importância do uso desses produtos na cultura do algodoeiro e os detalhes de sua administração, como condições climáticas, temperatura e fase propícia de aplicação.
Vimos também dois exemplos de produtos com ação desfolhante, o thidiazuron e o etefom, e explicamos sua forma de atuação no balanço hormonal dos vegetais.
O uso de desfolhantes proporciona uma colheita mais rápida e eficiente, contribui para a melhora da fibra do algodão e reduz os custos com o beneficiamento do produto.
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