A entressafra é o período entre o fim de uma colheita e o início de um novo plantio.
É ao longo desse período que algumas ações podem ser tomadas para promover uma melhor produtividade e aproveitamento do solo.
Isso inclui investir em plantas de cobertura – úteis para preservar a superfície –, fazer a ciclagem de nutrientes e ainda gerar renda.
Além disso, envolvem-se outras questões mais técnicas, voltadas ao controle, à análise e ao planejamento da produção.
Saber o que é possível ser plantado na entressafra e os diferentes benefícios é um diferencial que pode trazer ganhos econômicos significativos ao agroprodutor.
Pensando nisso, produzimos este artigo com tudo sobre esse assunto. Tenha uma boa leitura!
O que é a entressafra?
O tempo determinado desde o final da colheita até o início de um novo ciclo de produção é o que se chama entressafra. Cada cultura tem um ciclo próprio.
Ou seja, durante o período da entressafra, a terra passa por um processo de renovação.
É comum que sejam adotadas culturas de cobertura do solo, para fins de aproveitamento econômico, para a pecuária e para benefício físico, químico e biológico.
Os principais objetivos das culturas de entressafra são proteger o solo da erosão e direcionar os nutrientes dos resíduos.
O processo permite uma reciclagem melhor de nutrientes ao diminuir a quantidade de nutrientes aplicados via fertilizantes, além de reduzir o uso de defensivos agrícolas.
Um bom manejo e rotatividade de culturas durante esse período permite alguns benefícios, tais como:
- fornecer cobertura terrestre;
- ter uma circulação de nutrientes mais eficiente;
- reduzir a quantidade de nutrientes aplicados por fertilizantes;
- diversificação da produção agrícola sustentável;
- melhorar a qualidade ambiental;
- reduzir os efeitos nocivos da monocultura.
A presença de ervas daninhas é outra consideração importante ao decidir investir em plantas de cobertura no período entre as safras.
Em média, 15% da produtividade é perdida devido à interferência de plantas daninhas. Esse número pode aumentar até 80% em casos extremos, segundo a Embrapa.
Ao eliminar a necessidade de controle químico, as culturas de cobertura reduzem também a possibilidade de problemas futuros com sementes de plantas espontâneas.
Safra, entressafra e safrinha: qual é a diferença?
Algumas culturas com ciclos de crescimento curtos crescem apenas em determinadas épocas do ano. Porém, algumas culturas são anuais.
A cana-de-açúcar, por exemplo, geralmente é produtiva em temperaturas entre 22 °C e 30 °C, sofrendo com climas frios, razão pela qual ela é plantada de janeiro a março.
Porém, a entressafra da cana pode variar conforme a região do país, condições do clima e espécie.
Por causa dessas particularidades, os termos safra, entressafra e safrinha referem-se tanto à produtividade esperada quanto ao momento de plantio da cultura.
Esses termos parecidos podem causar confusão; por isso, veja a explicação para cada um deles:
Safra
A safra é o período em que se inicia o plantio, geralmente com o começo da estação chuvosa, quando as condições climáticas são mais favoráveis para o início da semeadura.
Para a maioria das culturas, começa em outubro, quando a temperatura, a luz e a umidade são favoráveis.
Podemos ver o termo “safra” ser utilizado tanto para se referir ao momento do plantio quanto ao ganho de produtividade da colheita.
Entressafra
A entressafra refere-se ao intervalo entre uma safra e outra e o intervalo entre uma safra e a seguinte.
É o período em que determinado produto agrícola deixa de ser produzido, fazendo com que seu preço no mercado suba.
Por exemplo, durante a entressafra da soja, é comum plantar o milho segunda safra, cultivado geralmente entre fevereiro e julho.
Safrinha
A safrinha é cultivada imediatamente após a colheita em condições de solo seco e firme.
Geralmente, ocorre em janeiro, fevereiro e março, sendo utilizada para culturas como milho, feijão, soja e algodão, com ciclos bem mais curtos do que as culturas perenes.
Por exemplo, o plantio da safrinha de milho começa em setembro e, em alguns casos, continua até dezembro.
Em sua maioria, os plantios de milho de segunda safra ocorreram entre janeiro e março, seguidos pelos plantios de milho da terceira safra, entre abril e junho.
Resumindo, as colheitas maiores, feitas em condições climáticas e de produtividade melhores, são a primeira safra.
Já a safrinha ocorre em condições mais limitadas de cultivo, resultando em um volume menor de produtos da cultura e de rendimento.
A entressafra, por sua vez, é a baixa temporada do plantio, que ocorre entre o final de um ciclo anterior (como a segunda temporada) e o início do próximo.
O que plantar na entressafra?
Durante a entressafra, é interessante investir em culturas de ciclo curto, como:
- aveia;
- azevém;
- braquiária;
- centeio;
- crotalária;
- ervilhaca;
- ervilha-forrageira;
- feijão-caupi;
- feijão-guandu;
- girassol;
- milheto;
- milho;
- nabo-forrageiro;
- níger;
- tremoço;
- trigo-mourisco;
- trigo-sarraceno.
É aconselhável não deixar o solo em pousio. Isso evita a exposição da superfície a plantas e bactérias indesejadas.
O uso do solo durante essa época ajuda a enriquecer sua vida bacteriana e melhora sua capacidade de cultivar plantas futuras.
Por exemplo, algumas plantas, como feijões, permitem a fixação e a ciclagem de nitrogênio. Quando combinados com gramíneas, eles podem ajudar a controlar ervas daninhas, pragas e doenças.
Na perspectiva de melhorar a eficiência do uso da terra e gerar renda, o sistema integrado de agricultura e pecuária tem sido cada vez mais aplicado.
Nesse caso, o uso de plantas de cobertura (que também são plantas forrageiras) permite que o pastoreio em áreas de pousio gere renda da pecuária durante a entressafra.
Quais são os principais grupos de plantas de cobertura para a entressafra
Utilizar o período da entressafra para uma rotação de culturas é uma importante técnica de manejo conservacionista do solo. Isso pode adicionar maior valor econômico à lavoura.
Ao utilizar a rotação de culturas, é possível consorciar duas plantas anuais, por exemplo, a braquiária e o milho.
Isso ajuda a cobrir a terra e promove a ciclagem adequada de nutrientes por meio da decomposição da matéria orgânica.
Além disso, o consórcio pode ser usado em combinação com a pecuária.
Cobrir o solo entre as estações permite reter a umidade. Isso também ajuda a reduzir as ervas daninhas, prevenir a erosão e os nutrientes do ciclo.
Os principais grupos de plantas de cobertura para a entressafra são:
Gramíneas
As gramíneas são o foco da produção de palha devido a sua maior qualidade de forragem e a menores taxas de degradação resultante das altas relações carbono/nitrogênio.
As gramíneas mais utilizadas para a produção de palha são o milheto, o sorgo e a braquiária.
Leguminosas
A relação simbiótica entre leguminosas e bactérias fixadoras de nitrogênio é a principal razão pela qual elas são frequentemente usadas como fertilizantes verdes.
Essa conexão é crucial para os sistemas de agricultura porque melhora as condições do solo em sua química, física e biologia.
Em particular, essa conexão permite que o solo fixe naturalmente o nitrogênio, um elemento essencial para o crescimento das plantas.
Entre as mais utilizadas estão crotalárias, feijão-guandu, feijão-caupi, feijão-de-corda ou feijão-macassar e estilosantes.
Plantas de outras famílias
Essas plantas agem no solo de muitas maneiras. Seu efeito mais significativo é a descompactação ao longo do perfil da terra devido à ação da raiz.
Elas também podem aumentar a estabilidade dos agregados do solo, os níveis de nitrogênio e carbono, bem como a infiltração de água em virtude do aumento da porosidade na superfície.
Os diferentes tipos de microbiologia do solo provocam um sistema de benefícios ecológicos. Menos ervas daninhas crescem em uma superfície diversificada, reduzindo as chances de doenças.
Muitos estudos recentes discutem os benefícios da adição de plantas de cobertura de adubo verde ao campo.
Estes incluem a criação de resíduos vegetais que proporcionam múltiplas vantagens para a qualidade do solo, como maior retenção de umidade, menor amplitude térmica, redução de ervas daninhas, redução de doenças e melhores propriedades físicas do campo.
Alguns exemplos são o nabo-forrageiro, o trigo-mourisco, conhecido também como
trigo-sarraceno, e o níger.
O que fazer durante a entressafra?
O período da entressafra é um bom momento para gerenciar suas finanças. Com a venda dos principais produtos finalizada, é hora de contabilizar tudo.
Não deixe de registrar tudo o que foi gasto em insumos, serviços, impostos e outros custos, bem como o valor que entrou em caixa com a venda dos produtos.
Aproveite essa oportunidade para olhar a propriedade de forma estratégica e funcional. Vale otimizar o espaço, preparar a área e direcionar os insumos.
Esse é o melhor momento para inspecionar máquinas e equipamentos e realizar as manutenções necessárias.
Use esse momento para pensar no futuro.
Planeje para entender como investir em culturas com potencial de gerar renda adicional, mesmo em épocas desfavoráveis para sua cultura principal.
Além disso, a sazonalidade da produção oferta muitos produtos iguais no mercado, reduzindo os preços.
A ideia é aproveitar o período de pouca oferta para conseguir vender por preços mais altos, como aconteceu neste último ano durante a entressafra do leite.
Então, pode ser interessante ter estoque para armazenar os produtos. Portanto, eles podem ser trazidos ao mercado com baixa oferta e alta demanda.
Conclusão
Para aumentar a produtividade e os lucros da agricultura brasileira, é preciso investir em muito conhecimento e planejamento.
Entender o potencial da terra, estudando o que está envolvido no sistema de produção e vivenciando cada etapa, mudanças podem ser feitas na fazenda para melhorar a sustentabilidade e o rendimento do negócio.
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