A lagarta-do-cartucho é um inseto-praga muito comum no Brasil e pode diminuir a produtividade de uma plantação em larga escala, pois reduz a quantidade de produtos com qualidade ao final da safra.
Entender mais sobre a lagarta-do-cartucho, também chamada de lagarta-militar, é essencial para conhecer maneiras de combatê-la sem prejudicar a plantação e o ecossistema, mantendo a produtividade em dia.
Acompanhe, a seguir, um guia sobre a lagarta-do-cartucho!
Lagarta-do-cartucho
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é atualmente um dos insetos-pragas mais comuns do Brasil.
Isso porque ela atinge diversas culturas produzidas no Brasil, entre elas aquelas com mais relevância no mercado do agronegócio.
É a principal praga da cultura de milho, inclusive, que é uma dos principais commodities exportadas pelos produtores brasileiros e que representa uma grande fatia do mercado e da economia.
Para se ter ideia, é estimado que a lagarta-do-cartucho possa levar a 34% de redução na produção de milho em uma safra, caso a praga não seja controlada da forma devida.
Isso significa uma perda monetária de US$ 400 milhões por ano para o Brasil, segundo um relatório publicado em 2019 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A lagarta-do-cartucho leva esse nome porque atinge especialmente a região do cartucho das plantas, fazendo com que muitas unidades sejam perdidas.
Porém, até mesmo outras regiões, como as folhas e as espigas, no caso do milho, também são prejudicadas, ficando não apenas com aparência ruim, mas perdendo sua qualidade alimentícia e de segurança.
Por isso, quando os ataques de lagartas-do-cartucho acontecem (geralmente no florescimento e em tempos mais secos), é preciso já tomar medidas para evitar que uma grande quantidade de produtos seja perdida.
Reconhecendo a lagarta-do-cartucho
Esse inseto-praga é bastante semelhante a outros tipos de lagartas, mas o agricultor precisa saber diferenciá-las para conseguir fazer o combate ao inseto correto.
As características de uma lagarta-do-cartucho são:
- Tem uma coloração marrom-escura;
- A cabeça escura tem riscos claros que formam um “Y” ao contrário, bem na parte da frente da cabeça;
- No corpo do inseto, é possível perceber pequenos pontos elevados, sendo um padrão quatro pontos na lagarta-do-cartucho;
- No penúltimo segmento do corpo do inseto, há quatro pontos escuros que formam um quadrado, quando vistos de cima;
- São três pares de pernas (6) e outros cinco pares (10) de falsas-pernas, todas na região torácica, mais ao centro do corpo do animal;
- Para reconhecimento desde o início do ciclo de vida, os ovos têm cor verde-clara e vão se tornando laranja com o tempo;
- As larvas também começam com cores claras e escurecem aos poucos, conforme se desenvolvem, até se tornarem o inseto adulto, na cor marrom-escura.
Principais culturas alvo da lagarta-do-cartucho
A lagarta-do-cartucho está presente em praticamente todas as regiões produtoras brasileiras, fazendo com que atinja diferentes tipos de cultura.
A mais atingida é a do milho, pois a plantação tem as características ideais para o desenvolvimento desse inseto-praga.
Entretanto, é possível encontrá-lo também em outras plantações, tanto de grãos quanto de alimentos de consumo direto.
As culturas mais afetadas pela lagarta-do-cartucho no Brasil são:
- Milho;
- Algodão;
- Couve-flor;
- Mandioca;
- Pastagem;
- Trigo.
Esse inseto-praga também pode aparecer esporadicamente em outras culturas e precisa ser combatido, mas nem sempre causa tantos prejuízos quanto os da cultura de milho, por exemplo.
Sintomas e danos causados
As lagartas-do-cartucho, como o nome sugere, atacam especialmente a parte do cartucho da planta. No caso do milho, entre o caule e a espiga.
Porém, a lagarta-do-cartucho já se desenvolve no solo e na planta, desde seus ovos até se tornar adulta e madura para se reproduzir, conforme veremos a seguir, no ciclo de vida da lagarta.
Com isso, o inseto-praga não atinge apenas o cartucho, mas toda a planta, seja de milho ou de outra cultura.
Os principais sintomas de presença da lagarta cartucho e danos causados são:
- folhas raspadas e perfuradas;
- cartucho destruído e espiga danificada;
- base da planta perfurada (“coração morto”).
O ideal mesmo é acompanhar a plantação frequentemente, pois no primeiro sinal (folhas raspadas) já é indicado fazer o combate da praga.
Isso porque, depois que a lagarta entra no cartucho da planta (depois de seu amadurecimento), fica muito mais difícil combatê-la, pois ela fica protegida dentro da planta e os defensivos agrícolas não conseguem atingir o local.
Ciclo de vida da lagarta-do-cartucho
Como foi possível notar, a fase do ciclo de vida em que a lagarta-do-cartucho define que tipos de danos podem causar e também a melhor forma de combate do inseto-praga.
Por isso, o produtor agrícola precisa conhecer as fases de desenvolvimento para buscar as melhores maneiras de combate, assim como evitar ao máximo o desperdício.
Ovos
Primeira fase, não acontece na planta, mas, sim, no solo. Essa fase tem duração de dois a três dias. Depois disso, as larvas já saem dos ovos, que têm coloração verde-claro no primeiro dia e vão mudando para laranja pela maturação.
Larvas
Os ovos eclodem em cerca de 3 dias, quando em temperatura média de 35ºC. As larvas recém-eclodidas se alimentam da casca do ovo e, depois, ficam em repouso por um período entre duas e dez horas.
Até se tornarem larvas, são pelo menos mais 12 dias de desenvolvimento, ainda no solo e nas folhas mais baixas da plantação, mas pode chegar a até 30 dias, dependendo da temperatura.
Lagarta
A transformação da larva para lagarta também leva cerca de 12 dias e acontece ainda na região do solo. A lagarta sai do solo e começa a subir na planta apenas depois de adulta, com cerca de 35 mm.
No início, as lagartas também têm preferência por folhas novas e há apenas uma por planta, pois atacam uma à outra e têm hábito canibal.
Depois, começam a perfurar as folhas e chegam ao cartucho, onde se desenvolvem ainda mais.
Os danos causados no cartucho acontecem tanto pela alimentação da lagarta quanto pelo seu desenvolvimento, pois, conforme crescem, acabam “estourando” o cartucho da planta, fazendo com que perca sua qualidade.
Como o cartucho fica fechado, o combate da lagarta nesse momento também é dificultado, já que o pesticida não consegue atingir o inseto nem a região da qual se alimenta.
As lagartas adultas vivem cerca de 12 dias até a pupa (estado de metamorfose para mariposa) e, durante esse período, também passam pela fase reprodutiva. As fêmeas têm capacidade de ovipositar cerca de mil ovos.
Mariposas
Depois de passarem pela pupa (metamorfose), tornam-se mariposas consideradas de alta mobilidade, fazendo com que o inseto-praga se espalhe por toda a plantação. Nessa fase, suas asas têm coloração pardo-escura e, depois, branco-acinzentada.
Como controlar a lagarta-do-cartucho
O controle da lagarta-do-cartucho pode ser feito de diferentes maneiras, pois cada fase da vida do inseto exige um cuidado específico.
Por isso, existem diferentes maneiras de fazer esse combate e garantir a produtividade final. Essa preocupação é essencial para o produtor conseguir ter um controle melhor da produção e, assim, um retorno financeiro maior também.
Acompanhe as maneiras existentes de combater a lagarta-do-cartucho a seguir.
Controle químico
O uso de inseticidas é a forma mais conhecida e tradicional do combate à lagarta-do-cartucho, pois atua diretamente no inseto.
Para esse caso, é preciso que o inseto esteja do lado de fora do cartucho, ou seja, que ainda não tenha chegado à fase adulta.
Além de a aplicação ser feita corretamente (é indica uso de jato dirigido), também é preciso escolher quais são os tipos de inseticidas que serão utilizados.
Isso porque, utilizando apenas um tipo, há grande chance de a lagarta se tornar cada vez mais resistente a ele, fazendo com que seja necessário aumentar as quantidades de inseticida e diminuir a qualidade da plantação.
Por isso, uma estratégia é fazer a aplicação em ciclos, mudando o tipo de inseticida de tempos em tempos, de acordo com a safra.
Tratamento de sementes
A realização de um tratamento especial das sementes antes do plantio também pode diminuir muito a ação da lagarta-do-cartucho, pois consegue combater seus efeitos e evitar seu desenvolvimento.
Com isso, sobram apenas as lagartas mais resistentes aos efeitos do tratamento da semente, que podem ser combatidas de outras maneiras, como com inseticidas.
Armadilhas de feromônio
A armadilha de feromônio consegue atrair os insetos machos ao exalar uma substância semelhante às das fêmeas.
Com isso, inibe-se a reprodução da espécie e também se diminuem a quantidade de mariposas e o “espalhamento” pela plantação.
Além disso, também serve como um mecanismo de controle e de monitoramento, para se ter ideia da quantidade de lagartas-do-cartucho na plantação.
A indicação é de que se coloque uma armadilha por hectare e o nível de controle ocorra na captura de três mariposas.
Sementes geneticamente modificadas
Uma das maneiras que vem ganhando cada vez mais adeptos é o uso de sementes transgênicas, geneticamente modificadas para evitar a atuação deste e outros tipos de lagartas e insetos.
O uso de sementes transgênicas é cada vez mais comum para o aumento da produtividade no campo, pois consegue evitar diversos tipos de problemas, como aumentar a resistência a insetos, chuvas, secas, entre outros.
Assim, no caso do combate à lagarta-do-cartucho, também pode ser uma ótima opção para os produtores, principalmente aqueles que plantam milho e soja, com sementes já muito seguras para outras questões também.
A preocupação com a lagarta-do-cartucho e seu combate pode sair caro, mas o crédito agro é a melhor opção para você proteger sua produção e não prejudicar sua produtividade final.
Quer entender mais sobre esse processo?
