Todo produtor rural já deve ter presenciado ou ao menos ouvido falar sobre a doença da podridão cinzenta da raiz (ou podridão negra da raiz). Causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, ela ataca diversas culturas (feijão, soja, etc.), por vezes inviabilizando a lavoura.
Vale lembrar que os fungos benéficos são organismos essenciais para a agricultura.
Entre suas diversas ações, estão fixar nitrogênio do ar nas raízes, tornar solúvel o fósforo presente em alguns solos (disponibilizando o mesmo para o vegetal) e ser um importante agente no controle de pragas.
Contudo, existem diversas espécies, e algumas podem ser causadoras de um grande número de doenças em plantas. Elas têm a capacidade de destruir plantações inteiras, diminuir a produtividade, bem como trazer grandes prejuízos financeiros ao produtor rural.
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O fungo Macrophomina especificamente ganha destaque entre os fungos maléficos. Trata-se de um fitopatógeno encontrado naturalmente nos solos brasileiros. Ou seja, ele está presente em todas as áreas agricultáveis do país.
Ele necessita de condições climáticas favoráveis para poder se desenvolver. A infecção da cultura ocorre em poucas semanas após seu plantio. Porém, caso as condições não sejam favoráveis, ele permanece oculto, sem se manifestar.
Para você ter uma ideia do seu potencial, ele pode permanecer latente em um local por cerca de 15 anos. Além de condições climáticas favoráveis, o monocultivo e a semeadura direta são ações que aceleram seu processo de aparecimento.
Ainda não foram desenvolvidos cultivares resistentes a esse fungo. Existem diversas pesquisas sobre lavouras com histórico da doença, para o desenvolvimento de estratégias de combate a ele.
Quer saber mais sobre o assunto e formas de amenizar ou prevenir o aparecimento deste fungo? Fique conosco!
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Afinal, o que é Macrophomina phaseolina?
O que causa a Macrophomina? Como combatê-la?
Como dissemos no começo do nosso artigo, a Macrophomina phaseolina é um fungo natural, encontrado nas áreas agricultáveis do país. Ele tem a capacidade de infectar diversas culturas incluindo soja, milho, feijão, girassol, algodão, amendoim, entre outras.
Sua capacidade de sobreviver no solo durante muito tempo está associada à presença de microescleródios (estruturas de resistências presentes nos fungos).
Isso, de certa forma, garante sua adaptação ao longo do tempo.
Ciclo de vida
O ciclo de vida da Macrophomina phaseolina tem algumas etapas, que são estas:
- 1ª fase: com condições favoráveis de clima, ocorrem a germinação e a penetração nas raízes da planta.
- 2ª fase: infecção e colonização.
- 3ª fase: formação de escleródios subcuticulares (servem de fonte de inóculo para as próximas gerações do fungo).
- 4ª fase: a planta começa a apresentar os primeiros sintomas na parte aérea.
- 5ª fase: decomposição das raízes (podridão cinzenta da raiz).
- 6ª fase: infecção de outras plantas.
- 7ª fase: novos inóculos vão sendo formados e o ciclo se repete.
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Condições ideais para o desenvolvimento do fungo
O fungo costuma ter desenvolvimento mais efetivo em solos muito compactados, altas temperaturas (28°C a 35°C) e condições de estresse hídrico. Além disso, períodos secos também costumam castigar ainda mais.
Sintomas apresentados pela cultura
Dependendo da cultura, a Macrophomina se manifesta de diferentes maneiras. Porém, um sintoma característico a todas é a presença de pequenas partículas pretas na porção inferior do caule e das raízes.
Em situações nas quais a doença está avançada, esse sintoma pode ser observado em toda a planta, inclusive na sua parte aérea. Sua presença dá ao caule da cultura a aparência empoeirada, parecida com pó de carvão.
O escurecimento de tecidos vasculares do caule e das raízes também é outro sintoma.
Manifestações recorrentes da Macrophomina em algumas culturas
Macrophomina em soja
Na soja, no período específico do florescimento, ocorre um amarelecimento das folhas, seguido de murcha foliar. Nas vagens, também ocorre o mesmo processo. As raízes apresentam epiderme solta, facilmente destacável com as mãos.
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Macrophomina no milho
No milho, a infecção ocorre nos tecidos da casca da medula, resultando em posterior deterioração dos tecidos e no tombamento das plantas.
Macrophomina no sorgo
O sorgo apresenta o que chamamos de podridão seca do colmo. Ela causa a queima e o tombamento das plântulas. Geralmente, os sintomas se apresentam apenas na fase adulta. As raízes doentes exibem lesões com coloração castanha ou preta.
O colmo desintegra-se da medula, facilitando a ocorrência de outras doenças.
Macrophomina em feijão
Na cultura do feijão, a planta apresenta numerosas pontuações pretas, com caule e vagens secas (mesmo apresentando coloração verde). Em casos mais severos, as plantas secam (literalmente) e caem todas as folhas.
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Afinal, como eu consigo identificar a presença da Macrophomina (Macrophomina sp.) na minha lavoura?
Como vimos, a manifestação do fungo se dá, primeiramente, nas raízes da planta. Como vimos, cada cultura se manifesta de forma diferente. Entretanto, alguns sintomas são comuns a todas elas.
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Com a evolução do quadro da infecção, as folhas do cultivar assumem aparência amarela. Em pouco tempo, murcham e geralmente permanecem presas ao caule. As raízes apodrecem, causando a morte da planta.
Como sabemos, esse tipo de quadro infeccioso pode ser confundido com outras doenças. Dessa forma, existem ainda outros sintomas associados que podem facilitar sua identificação:
- Plantas não se desenvolvem muito, ou seja, apresentam baixa estatura;
- Folhas pequenas, que podem estar enroladas em alguns casos;
- Perda de vigor e força da cultura.
Impacto econômico e produtivo da Macrophomina phaseolina
A Macrophomina é um fungo que impacta diretamente a produtividade da colheita, e isso, consequentemente, tem efeitos negativos sobre a economia e a rentabilidade do processo. Dessa forma, investimentos em insumos, por exemplo, acabam sendo inúteis e ineficientes.
Só para você ter uma ideia do tamanho do estrago, estudos realizados por Ferreira et al. e Hartman (2015), por exemplo, mostram perdas na casa de 2 milhões de toneladas de grãos (principalmente soja), incluindo os três grandes produtores (Brasil, Argentina e EUA).
Agora que conhecemos muitas informações a respeito do fungo, podemos partir para suas principais formas de controle.
Macrophomina: controle e prevenção
Assim como todo e qualquer patógeno, a Macrophomina tem controle químico associado. Porém, as medidas preventivas ainda são mais eficientes. Entre elas, destacam-se:
- Aumento dos teores de matéria orgânica no solo;
- Descompactação do solo;
- Controle biológico por meio de outros fungos, como o Trichoderma spp., ou bactérias do gênero Bacillus spp.
Todos esses tipos de controles mencionados estão dentro da filosofia do Manejo Integrado de Doenças (MID), que tem os mesmos fundamentos que o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Aumento dos teores de matéria orgânica no solo
Existem várias práticas atualmente no agronegócio que contribuem para o aumento da matéria orgânica no solo. Entre as que mais se destacam, temos os sistemas agroflorestais, sistemas de integração lavoura e pecuária, utilização de culturas de cobertura e a rotação de culturas.
Descompactação do solo
Solos compactados apresentam baixa infiltração de água, estrutura degradada e alta resistência, resultando em sintomas de deficiência de água em plantas, por exemplo. Isso contribui ainda mais para a incidência e severidade do ataque da Macrophomina phaseolina.
Aqui no Brasil, regiões como o norte do Paraná sofrem muito com o problema, por conterem solos mais suscetíveis à compactação.
Uma das técnicas para descompactação do solo é o uso de implemento de hastes com ponteiras estreitas, reguladas para operação abaixo da camada compactada. Evitar o uso de equipamento pesados, desviar a rota do gado e diminuir o cultivo também auxiliam na descompactação.
Controle biológico
A utilização de controle biológico oferece sempre um resultado consistente na redução e prevenção dessa doença no solo. Em especial, os do tipo Trichoderma spp. agem diretamente na Macrophomina, hiperparasitando-a.
Ele produz enzimas líticas, que agem na parede celular do fungo, levando-o à morte.
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Conclusão
Como vimos, a Macrophomina está presente na maioria dos solos brasileiros. Ela costuma se manifestar mediante condições de calor elevado e compactação do solo. Causa morte e muito prejuízo ao produtor rural.
Práticas como controle biológico e outras frentes relacionadas ao MID oferecem um resultado eficiente e sólido no seu controle e redução.
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