O monitoramento de praga auxilia o agricultor na lavoura. Antigamente, controlar as pragas era um grande desafio para o produtor rural, pois as técnicas utilizadas traziam grandes riscos para a qualidade da produção.
Por meio do manejo integrado de pragas (MIP), os produtores puderam ter um maior controle de suas lavouras e evitar os danos e as perdas, muitas vezes irreparáveis.
Para saber como o sistema MIP revolucionou o controle de pragas, minimizando os danos nas lavouras e a importância do monitoramento de praga na cultura, continue lendo.
Qual é a importância do monitoramento de pragas e sua função
O monitoramento de praga e doenças é realizado para controlar os sintomas das pragas nas culturas, analisar danos e prejuízos e evitar infestações que possam ser prejudiciais à safra e ao agricultor.
Também é possível apontar o momento ideal para as aplicações dos defensivos e manter o nível de equilíbrio ideal para que a lavoura se desenvolva de modo saudável.
O controle das pragas se inicia no planejamento do plantio, para evitar algumas pragas comuns logo no começo do desenvolvimento da planta, como a infestação de lagartas, que normalmente vivem sobre as palhadas de safras anteriores.
Em seguida, vêm as amostras, que verificam o volume das populações nas plantas. Elas são obtidas por intermédio de estudos em campo, e, a partir delas, seguem a identificação da praga que direciona o tipo de controle a ser aplicado na lavoura.
No caso dos insetos, a amostragem de pragas deve ser feita em forma de zigue-zague ou em perímetro, com uma análise total de pelo menos 100 plantas na lavoura. Geralmente, são usadas armadilhas para capturar os insetos, variando conforme as características do alvo, por exemplo:
- Comportamento;
- Tamanho;
- Forma;
- Locomoção do inseto.
Como funciona o MIP?
O MIP é um conjunto de técnicas econômicas e ambientais sustentáveis para o manejo eficiente de pragas que atacam as lavouras, controlando a praga no momento certo.
O objetivo principal do MIP é buscar produtos com menor impacto ambiental e fazer a consideração de fatores que contribuem para o controle de pragas, diminuindo o custo do produtor em aplicações defensivas na lavoura.
Sua base fundamental consiste em entender a biologia e a ecologia das culturas e suas pragas, explorar o controle natural, monitorar as populações e encontrar o nível de tolerância das plantas aos danos e, assim, realizar a tomada de decisão sobre o tipo de controle a ser utilizado para obter o nível de equilíbrio da lavoura.
Níveis de danos do MIP
Os níveis correspondem à densidade populacional da praga e seu prejuízo de valor igual. Com isso, é possível fazer uma análise geral da lavoura, identificar o momento certo do controle da pragas e reduzir os custos e desperdício de produtos controladores de pragas. A seguir, são listados os níveis:
- Nível de Dano Econômico: tem valores fixos e variados em consequência de fatores como preço do produto. Se o valor do produto for maior, menor será o nível de dano econômico; já se o custo de controle for mais alto, maior será o nível de dano. Neste caso, a capacidade da praga de danificar a cultura é muito alta, tendo em vista a susceptibilidade da planta em relação à praga.
- Nível de Controle: é a menor densidade da população da praga na qual táticas de manejo necessitam ser tomadas para impedir danos econômicos e recuperar o nível de equilíbrio.
- Nível de Equilíbrio: é a densidade populacional média de uma população de insetos por um longo período de tempo, não afetada por temporárias intervenções no ambiente que afetam o controle da praga.
Métodos para controle de pragas do MIP
O monitoramento de praga está diretamente relacionado à integração de várias ferramentas de controle. São elas:
- Controle químico: feito por meio de produtos para a eliminação de pragas.
- Agentes de controle biológico: predadores como bactérias, fungos ou vírus.
- Manejo cultural: utiliza técnicas de adubação, irrigação e adubação verde.
- Feromônios: hormônios dos insetos cujo objetivo principal é atrair o parceiro, bem como adquirir alimentos.
- Plantas iscas: utilizadas por nodularem com vários grupos de rizóbio. Geralmente, são originárias da região.
Exemplos de monitoramento de praga
Amostra de solo: é utilizada para detectar pragas subterrâneas, que podem afetar o desenvolvimento da planta, principalmente no cultivo da soja e do milho;
Pano de batida: serve para capturar lagartas, percevejos e outros insetos na lavoura.
Armadilhas: há uma variedade delas, podendo ser armadilhas de feromônios, luminosas ou adesivas.
- Feromônios: geralmente, têm uma atração sexual e adesiva que impede a locomoção do inseto.
- Luminosas: são mais utilizadas à noite, indicando a infestação de insetos.
- Adesivas: são papéis adesivos compostos de resina e cera, colocados em pontos estratégicos para prender o inseto quando há o contato.
Vazio sanitário: período em que o solo se mantém limpo sem plantações por um tempo determinado, que varia conforme a região.
Avaliação da cultura: os danos são avaliados por uma escala que metrifica os danos nas plantas. Na escala baixa, se observam poucas lesões nas plantas, geralmente circulares e pequenas; na escala média, observa-se um alongamento com lesões maiores; e, na escala alta, maior alongamento das lesões, levando à destruição da planta.
Benefícios do monitoramento de pragas
O monitoramento traz muitos benefícios à lavoura e, consequentemente, ao produtor. Listamos abaixo os principais benefícios que o monitoramento pode oferecer:
- Amplificar a produtividade;
- Auxiliar na redução do impacto ambiental;
- Manter a biodiversidade;
- Otimizar o uso de inseticidas químicos;
- Preservar inimigos naturais;
- Sintetizar perdas da lavoura;
- Reduzir custos.
Monitoramento de pragas: principais características
A proliferação de pragas nas lavouras acontece porque elas precisam de uma planta hospedeira para se desenvolver; citamos abaixo as principais características de insetos que podem ser encontrados em uma lavoura com o monitoramento de praga.
Lagarta-do-cartucho: está presente em várias culturas, com destaque na cultura do milho. Ela ataca qualquer região da planta; no caso do milho, o ataque acontece principalmente na parte interior. Seu controle é feito por meio de rotação de culturas, controle biológico e inseticidas, exceto em casos de plantações de milho com a tecnologia Bt.
Percevejo-marrom: é encontrado em lavouras de soja, algodão e pastagens.
Helicoverpa armigera: alimenta-se de inúmeros cultivos, como feijão, soja, milho, algodão, café e citros. Sua presença causa danos desde o início do desenvolvimento da planta, pois, ao se alimentar de sua estrutura, causa apodrecimento da cultura. Geralmente, seu controle é feito por rotação de culturas, manejo dos inimigos naturais de pragas.
Corós: encontram-se no solo e se alimentam das culturas. O controle é feito por meio do revolvimento da cultura, bem como do tratamento das sementes com inseticidas.
Mosca-branca: suga a seiva da planta, diminuindo sua produtividade e causando manchas nas folhas.
Pulgões: causam danos a várias espécies, em especial a soja. O controle é realizado através de eliminação de restos culturais em que os pulgões encontram-se associados, rotação de culturas não hospedeiras, eliminação de plantas daninhas hospedeiras na área de cultivo, aplicação de armadilhas adesivas amarelas e controle químico.
Larva-minadora: utiliza folhas para pôr ovos e, depois que eclodem, afetam a fotossíntese da planta reduzindo seu tamanho. O controle é feito eliminando restos culturais e plantas hospedeiras alternativas (incluindo plantas daninhas) e por meio rotação de culturas com plantas não hospedeiras.
Ácaro-rajado: principal espécie de ácaro, pode causar amarelamento de folhas. Seu controle é feito através da aplicação de acaricidas.
Como fazer o monitoramento de praga na cultura da soja
A Embrapa fornece uma planilha de monitoramento de pragas na cultura da soja, com imagens, espécies e tamanhos das pragas, doenças e predadores para melhor identificação e acompanhamento.
O monitoramento é realizado a partir da batida de pano que identifica os insetos presentes na lavoura, podendo ser pragas ou predadores.
O pano deve ser estendido por um metro linear, mas, antes do início da batida, é importante analisar as ponteiras das mudas de soja e identificar se há partes lesionadas.
A partir disso, pode-se dar início à batida da soja sobre o pano e observar a quantidade e espécies dos insetos para identificação das pragas e predadores, que devem ser anotados em uma planilha de monitoramento de pragas.
O ideal é que sejam feitas pelo menos 10 batidas ou mais por toda a extensão da lavoura. Depois disso, é importante analisar as batidas e fazer a média de pragas e predadores para uma melhor tomada de decisão.
Conclusão de monitoramento de praga
Neste artigo, você viu qual a finalidade e os diferentes tipos de monitoramento de pragas utilizados para prevenir os danos causados pelas pragas nas culturas, melhorando a qualidade e a produtividade do plantio.
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